Pioneira Neoway avança no mercado de soluções em Big Data

Você sabia que a venda de sorvetes é maior em dias em que acontecem ataques de tubarão? O dado, absolutamente verdadeiro, costuma ser usado em tom de piada, mas de maneira didática, pelo escritor Eric Siegel, autor do best-seller Análise Preditiva: o poder de prever quem irá clicar, comprar, mentir ou morrer. O que Siegel quer nos fazer ver é que são infinitas as possibilidades de conhecimento sobre os rumos que um negócio poderá tomar, a partir da chamada análise preditiva, ou seja, a condição de prever o que poderá acontecer no futuro de uma empresa, através do cruzamento de volumes gigantescos de dados, analisados por ferramentas de Big Data.

A relação entre os sorvetes e os tubarões foi comprovada no Oeste da Austrália no último verão. Ali os cientistas locais constataram que ocorreu um aumento de 5% na temperatura da água e ao mesmo tempo se formaram bolsas de água fria na costa, perto da areia do mar. Assim, com o aumento do calor muita gente tomou mais sorvetes e muitos tubarões deixaram a água quente e foram se refrescar na água fria. A notícia triste é que alguns tubarões acabaram atacando banhistas. Mas o consumo de sorvetes aumentou.

O dado surpreendente sobre o tubarão simplesmente está no Big Data desenvolvido por uma empresa especializada, deixando para o lojista ou o fabricante o desafio de descobrir onde está a correlação e como isso poderá afetar seu negócio daqui para frente. O exemplo mostra de maneira bem-humorada as inúmeras possibilidades de análise que o método possibilita. Mas é claro que não basta apenas o dado se a empresa não estiver preparada para agir sobre ele em suas áreas sensíveis.

No Brasil, um dos pioneiros no desenvolvimento de soluções em Big Data é o catarinense Jaime de Paula, que, em 2002, criou a Neoway, empresa basilar em um nicho de mercado que já não pode mais ser ignorado por empresários que pretendam tomar decisões que envolvam cenários para aumentar vendas e prevenir riscos. Egresso do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Jaime pode ser considerado um verdadeiro visionário, em uma área que, naquele momento, o final dos anos 1970, nem ao menos era conhecida.

 

Trajetória marcada pela inovação

A trajetória do comandante da Neoway, no entanto, passou pelo aprendizado contínuo em tecnologias da informação e em áreas que incluíam estudos de Data Market e Data Warehouse, que viriam a abrir caminho para o que seria conhecido como Big Data. Além da Engenharia, Jaime também cursou Administração na Escola Superior de Administração e Gerência – Esag, o que certamente o qualificou para exercer cargos executivos na Perdigão, onde foi diretor de informática, e também na Cecrisa – duas das mais importantes empresas de Santa Catarina.

Como todo grande empreendedor, nada foi por acaso na trajetória de Jaime e muitas experiências foram necessárias até que encontrasse nos processos analíticos do Big Data sua grande vocação. Após vender sua parte em uma empresa de comércio eletrônico, apostou no doutorado, em uma área que contemplava o início dos estudos em inteligência artificial.

O próximo passo foi o desenvolvimento de um programa para a Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, que promovia a integração entre bases de dados, destinado a identificar padrões de conduta criminosa. “Na época, fui fazer um intercâmbio com a polícia de Nova York, o prefeito era Rudolph Giuliani, e lá conheci James Onalfo, que era diretor de tecnologia da polícia e tinha sido CIO da Kraft Foods. Ele me orientou a sair da área de segurança e apostar em soluções de dados, já que o Brasil não possuía um banco de dados destinados a decisões empresariais”, conta.

De lá para cá, as enormes possibilidades do Big Data Analytics foram sendo aprimoradas e desenvolvidas por uma equipe de jovens cientistas, escolhidos a dedo pelo comandante da Neoway. O resultado foi o desenvolvimento do SIMM, o Sistema de Inteligência MultiMercado, uma plataforma que possibilita o conhecimento profundo de clientes e fornecedores, atuando com precisão em áreas sensíveis como concessão de crédito, gestão de clientes e fornecedores, detecção de fraudes e cobrança, entre outras. O sistema, que pode ser acessado por assinatura, foi recebido pelo mercado como uma solução que agrega inteligência de forma automática aos negócios. Dependendo da demanda e do volume de dados envolvidos, uma assinatura mensal pode variar de R$ 1 mil a R$ 1 milhão.

Baseada em inteligência artificial e dados atualizados em tempo correto, a plataforma da Neoway possibilita identificar e mapear mercados potenciais com precisão e gerenciamento de toda a carteira de prospects, além de tornar processos de crédito mais efetivos, com a análise de grupos econômicos e avaliação de riscos. Na gestão de clientes e fornecedores, proporciona um conhecimento do cliente através das práticas de KYC (Know your Customer), que envolvem detecção de níveis de atividade, saúde tributária, situação cadastral, taxa de crescimento, entre outros dados, proporcionando uma gestão de risco eficaz, além da validação e qualificação do corpo de fornecedores, reduzindo a interrupção de fornecimento com ações preventivas.

O processo de análise de dados coletados em inúmeras fontes representativas permite também a identificação de fraudes e crimes como a lavagem de dinheiro, as redes de relacionamento e problemas potenciais de segurança entre clientes e fornecedores. Na área de cobrança, é possível identificar clientes inadimplentes e estabelecer termômetros operacionais e de dados sobre ativos, com informações estruturais atualizadas. A união dessa tecnologia avançada a processos que envolvem Aprendizagem de Máquina (machine learning) e KYC completam o conceito de Data Driven Business, com foco no cliente, maior desempenho operacional e a consequente criação de negócios disruptivos.

A enorme demanda por soluções que conectem dados e negócios fez com que a empresa crescesse 60% no ano passado. Só na área da construção civil, o salto foi de 75%, quando o desempenho do setor encolheu 35%. Ao mesmo tempo dobrou de tamanho no segmento automotivo, em um ano em que o setor caiu 20%. Números que asseguram uma projeção de aumento em 50% no faturamento para 2017, amparados por contratos consistentes entre as maiores empresas nacionais e uma inserção cada vez maior na América Latina e Estados Unidos.

Se no Brasil a empresa atende 10 segmentos de mercado e mais de 500 clientes corporativos (contemplando 5 mil empresas se forem consideradas o ecossistema dos clientes) a recente abertura de uma filial em Nova York, focada em finanças e bens de consumo promete um futuro ainda mais promissor. Aos 55 anos, o fundador da Neoway não esconde o otimismo com um mercado em ebulição, onde as empresas passarão a ser divididas entre as que estão na nuvem e as que irão para a nuvem. Para Jaime de Paula, está claro que não há alternativa fora do Big Data e da reinvenção dos negócios baseados na capacidade de predizer o futuro.

Amparada por fundos de investimentos norte-americanos e brasileiros (Accel Partners, Monashees, Endeavor/Catalist, Breakpoint, QMS e Pollux Capital) o próximo passo da Neoway será abrir, dentro de três anos, ações na Nasdaq, a bolsa de valores eletrônica do grande mercado americano e a segunda maior do mundo. Um passo gigantesco para uma empresa debutante no mercado internacional, lançada sua plataforma há apenas oito anos em Florianópolis, mas que soube como poucas conquistar seu espaço através de uma trajetória totalmente inovadora.

Neoway em números

• Atividade: Inteligência de mercado e Big Data
• Colaboradores: 300
• Sedes: Florianópolis, São Paulo e Nova York
• Processa 50 bilhões de dados e informações
• Pesquisa 34 milhões de empresas no Brasil
• Tem em cadastro 194 milhões de pessoas

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