Primavera das Startups: O que a nova estação tem a ver com captações?

Termo se popularizou no segmento das startups como referência a um bom momento para investidas

Começando agora no final de setembro, a primavera é marcada pelo desabrochar das flores de plantas que sobreviveram ao inverno. No cenário de investimentos em startups, se populariza uma analogia com a estação do ano, mostrando um cenário mais otimista para captações.

Apontando para a alta nos termômetros, um relatório da Sling Hub mostra que entre o primeiro e o segundo trimestre de 2023 houve um crescimento de cerca de 10% no número de rodadas. No entanto, no comparativo com o mesmo período de 2022, os investimentos ainda são 63% menores.

De acordo com Lívia Hallak, Portfólio Manager da Oxygea, veículo de CVC, CVB e aceleração de startups, criado para investir US$150 milhões com foco em sustentabilidade e inovação nos próximos 5 anos,  “O cenário de ‘reprecificação’ de startups globalmente entre 2021 e 2022 trouxe mudanças relevantes nos critérios de avaliação dos investidores.

A busca por valuations mais conservadores é notória, bem como a adoção de estratégias de crescimento menos agressivas e mais consistentes, levando em consideração a capacidade de lucratividade e geração de caixa das companhias. Fatores como runway alongado e robustez das premissas para modelagem do breakeven deixam de ser vantagem competitiva e se tornam a nova norma para startups, independente do estágio”, explica a executiva.

Para a MSW Capital, primeira gestora de Venture Capital no Brasil, o verão nunca acabou para as startups early stage, principalmente para aqueles empreendedores que possuem a premissa de que o crescimento acelerado não é o melhor caminho e também não é sustentável. “No Brasil, o mercado de Venture Capital é muito relevante, mas fatores macroeconômicos acabam não ajudando na captação de recursos por parte dos investidores, porque ficou difícil captar em um cenário de juros altos, fazendo com que esse setor ainda enfrente dificuldades.

Já no cenário do Corporate Venture Capital, estamos vivendo o ‘sol’ mais forte que a MSW já viu em 8 anos de trajetória. Todas as grandes corporações já entenderam que precisam ter seus braços de investimento minoritário em startups. Então, o Brasil está vivendo um ‘verão bem ensolarado’, tendo um momento muito bom para startups que querem buscar dinheiro em corporações, ainda mais que elas podem dar muito mais do que dinheiro do que fundos de venture capital tradicionais”, comenta Richard Zeiger, sócio da MSW Capital.

Para algumas startups, a primavera já deu seus frutos

Segundo dados da KPMG, atualmente 60% dos aportes se concentram em rodadas iniciais de captação, como pré-seed ou seed. No entanto, alguns negócios se destacaram no mercado com uma solução capaz de sobreviver à escassez de investimentos.

Chegando à primavera com dinheiro no bolso, a Turbi, locadora de carros 100% digital, anunciou em julho uma rodada de R$80 milhões por meio de um FIDC em um grupo de investidores. A empresa cresce alugando veículos a partir de uma hora e também com assinaturas a partir de um mês na Grande São Paulo. De acordo com o CEO, Diego Lira, ” com o investimento, nosso plano é investir no crescimento sustentável da operação para alcançar a marca de 5 mil veículos na frota”, destaca Lira.

O cenário das fintechs segue pelo mesmo caminho. Para se ter uma ideia, de acordo com dados da consultoria Distrito, o mercado de fintechs de saúde no Brasil recebeu R$ 11,5 bilhões em investimentos em 2023, um aumento de 25% em relação a 2022. A Inklo, startup mineira especialista na desburocratização do acesso ao crédito para a realização de procedimentos e cirurgias médicas, estéticas e odontológicas, acaba de completar a sua rodada pre-seed com um investimento total de R$3,5 milhões, realizada com investidores-anjos e finalizada em julho deste ano.

O investimento será direcionado para aquisição de novas tecnologias, com o objetivo de aprimorar ainda mais seus produtos e a experiência do usuário. “Essa rodada de investimentos nos permite avançar em nossa missão de tornar os procedimentos médicos mais acessíveis. Com a expansão de nossos serviços e parcerias para todo o país, queremos contribuir para reduzir a desigualdade no acesso aos tratamentos.”, destaca Igor D’Azevedo, CEO da Inklo.

Já a Daki, app de mercado 100% digital de essenciais sob demanda, conhecido por suas entregas rápidas, acaba de captar US$ 50 milhões. Liderado pela Convivialité Ventures, o investimento engloba também fundos como Lombard Odier, G-Squared, GGV, Balderton Capital, Greycroft, Tiger Global e Monashees. O montante recebido será utilizado com o objetivo de fortalecer a jornada de crescimento sustentável em direção à lucratividade da empresa.

“Estamos extremamente orgulhosos pela confiança depositada por investidores novos e existentes em nosso time e em nosso negócio, que combina um serviço de alta qualidade e relevância para o consumidor brasileiro com crescimento sólido e sustentável. O dia de hoje marca mais um passo importante em nossa missão de reinventar o varejo como conhecemos e construir um negócio líder no Brasil.” pontua Rafael Vasto (foto), CEO e fundador da Daki.

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