Softwares e tecnologias de ponta aumentam produtividade e diminuem custos das empresas

Softwares e tecnologias de ponta ajudam a aumentar produtividade e qualidade e a diminuir custos das empresas nacionais

Com a entrada cada vez maior de roupas e tecidos importados no mercado brasileiro, as empresas do setor têxtil estão tendo que rever seus processos para se tornarem mais competitivas. Já não dá para perder tempo com produção de baixa qualidade ou mesmo com altos custos de fabricação – a lógica é produzir roupas e tecidos que se diferenciem no mercado e que chamem a atenção do consumidor. Neste cenário a tecnologia tem sido uma importante ferramenta para que as empresas têxteis conquistem bons resultados mesmo em momentos de crise.

Há no mercado uma série de softwares e equipamentos que têm feito com que as organizações diminuam o desperdício de materiais e de tempo. Com máquinas a laser, por exemplo, as fábricas podem cortar tecidos e aplicar etiquetas de forma mais rápida e simples. Em segundos, um equipamento é capaz de colocar apliques em uma peça, um trabalho que antes poderia demorar horas e que submetia o trabalhador ao risco de se queimar ao ter que manusear uma máquina aquecida a mais de 300°.

Outro diferencial do laser é que ele permite que as confecções possam produzir peças únicas sem gastar mais com isso. Hoje ainda há uma série de empresas que não conseguem atender lotes pequenos de encomenda porque os custos com as matrizes e as peneiras, utilizadas em processos manuais, são muito caros. O tempo de fabricação das peças também diminui quando se utiliza a tecnologia porque é possível entregar uma encomenda no mesmo dia em que ela foi feita.

Além de melhorar os processos de trabalho, o laser abre novas oportunidades para o setor. Com as máquinas é possível fazer apliques em couros, acrílico e metais, o que permite que as empresas agreguem valor aos itens que fabricam e se tornem mais competitivas, inclusive para concorrer com os produtos chineses. “Hoje as encomendas feitas na China têm um ciclo de vida muito curto porque entre o pedido e a entrega costuma-se levar cerca de 90 dias. Além disso, do volume total da encomenda só cerca de 80% do material é realmente utilizado. Chegam muitas peças com defeito. O mercado têxtil brasileiro tem muito a ganhar se investir em produtos que possam suprir essas deficiências, e o laser pode ajudar muito porque a tecnologia faz com que a confecção produza peças de maior qualidade em um menor tempo”, afirma Marcos Lichtblau, diretor da Automatisa Sistemas.

Líder no mercado de corte e gravação a laser na América Latina, a Automatisa vende cerca de 12 máquinas a laser por mês no Brasil. A empresa é destaque no cenário internacional pelas tecnologias que conseguiu agregar aos equipamentos a laser. Os produtos da Automatisa são equipados com sensores ópticos que fazem com que a máquina reconheça imagens em tecidos e faça cortes rentes aos desenhos. “Nossa proposta é sempre pensar em soluções que possam aumentar a produtividade do setor têxtil. Trabalhamos o tempo todo com inovação. Já temos três patentes de equipamentos registradas e estamos trabalhando para registrar mais três.”

A Prisma 0906 – Visão LED da Automatisa, por exemplo, faz o corte preciso de materiais estampados e bordados como se fosse feito à mão. Um equipamento que foi fundamental para a MC Braga Indústria de Confecções de Roupas de Fortaleza conseguir aumentar sua produção em cerca de 70%. A empresa utiliza o maquinário 24 horas por dia para o corte e aplique de feltro em jeans e malhas e produz agora mais de 4 mil peças por dia.

A Neuart Decorações, de Taió (SC), também aumentou sua produtividade com o uso de equipamentos a laser. A pequena empresa fabrica painéis de fachadas de lojas e bares, e antes de adquirir a máquina Acrila, desenvolvida pela Automatisa, precisava terceirizar o corte das peças. Como não conseguia finalizar os painéis, a Neuart era obrigada a levar todas as peças fabricadas para outra firma, que fica distante 45 quilômetros do ateliê, para o corte do material. Com isso, a empresa de Taió tinha custos altos com a fabricação e o transporte dos painéis.

O diretor da Automatisa afirma que investir em uma máquina a laser traz retornos garantidos para as confecções e que em poucos meses o valor gasto é recuperado com o aumento da produtividade. “Nossos equipamentos custam entre R$ 75 mil e R$ 250 mil e representam um investimento muito mais baixo do que se uma empresa brasileira resolvesse importar uma máquina de corte a laser. Nós oferecemos ainda diferentes formas de pagamento. Com o cartão BNDES é possível financiar 100% do valor da máquina.”

O foco de atuação da Automatisa tem sido na América do Sul, mas Lichtblau explica que a empresa pretende aumentar suas vendas na Índia e em países da África. “Em 2011 a Automatisa cresceu cerca de 20% ao ano e a expectativa é que em 2012 tenhamos um aumento de 30% no volume total de vendas.”

Vertical têxtil

Para ampliar ainda mais seu mercado, a Automatisa resolveu se unir a outras sete empresas que desenvolvem softwares e hardwares para oferecerem, juntas, soluções completas ao setor têxtil brasileiro. “Muitas organizações de grande porte não compram equipamentos de forma isolada, elas querem soluções conjuntas em soft­wares e hardwares. Nossa proposta foi nos unir a outras empresas catarinenses para que juntas possamos ampliar nosso mercado”, explica o diretor da Automatisa.
As oito empresas fazem parte da Vertical Têxtil, organizada pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate). Lichtblau é o presidente da Vertical e quem está sensibilizando outras organizações, que desenvolvem tecnologias para o setor têxtil em Santa Catarina, a participar da iniciativa. “Queremos que empresas de outras regiões do estado também integrem a Vertical. Temos organizado uma série de reuniões em polos têxteis de Santa Catarina e a cada dia aumenta o número de organizações interessadas em participar.”

Além de ampliar o mercado das empresas de tecnologia, a proposta da Vertical é representar o setor nas esferas estaduais e federais. Lichtblau explica que dessa forma será possível sensibilizar órgãos de financiamento à pesquisa e à inovação para que ampliem as linhas de crédito e financiamento para o setor. “Hoje muitas empresas do ramo não solicitam financiamento de suas pesquisas até por um desconhecimento sobre essas linhas de crédito. Além de incentivar as organizações a utilizarem mais esses financiamentos, uma de nossas propostas é que as empresas da Vertical consigam captar, juntas, recursos em órgãos como o Ministério da Ciência e Tecnologia ou mesmo com a Fundação de Amparo à Pesquisa e à Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).”

Lichtblau considera que nesse momento de crise do setor têxtil é ainda mais necessário que as empresas que oferecem produtos e serviços para esse mercado estejam cada vez mais unidas. “Para promover a modernização do setor têxtil brasileiro e fazer com que ele se torne mais competitivo no cenário internacional, é preciso aumentar a oferta de crédito às empresas do ramo. Nosso papel, enquanto Vertical Têxtil, também é o de sensibilizar o governo para que amplie as políticas públicas para esse setor da economia”, conclui.

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