Mercado já mostra sinais da entrada da inteligência artificial em suas operações
A inteligência artificial (IA) vem sendo usada para gerenciar a limpeza de ambientes e com isso otimizar os serviços, aumentar a eficiência e reduzir custos. Embora para muitos ainda parece algo distante, ela já ocupa espaços no mercado da limpeza profissional. Daniel Siqueira, gerente de P&D da Verzani & Sandrini, diz que as ferramentas que usam a IA estão em fase de amadurecimento e muitas já permitem rastrear processos e entender o comportamento dos clientes.
“Temos ferramentas que se alinham ao contexto do cliente, seja na limpeza, segurança, jardinagem, as quais oferecem os melhores recursos para cada operação”, informa Siqueira. Além disso, ele também destaca o uso da IA para analisar dados gerados por ferramentas e, assim, melhor adequar processos.
Limpeza por demanda
Entre os exemplos da evolução, Siqueira cita os sensores de IoT (Internet das Coisas), instalados em banheiros e que monitoram o fluxo de pessoas e o nível de insumos do local para acionar as equipes de limpeza somente quando necessário.
Na jardinagem, por exemplo, sensores conseguem controlar o nível da umidade do solo, cruzando com o tempo e otimizando o uso da água. Sem dúvida, uma tendência no campo da limpeza é unir a IA ao uso de equipamentos autônomos e reduzir a intervenção humana. Hoje, alguns equipamentos criam suas rotas, executam o processo de saída e retorno a suas bases, recarregando-se e esvaziando-se sozinhos nas estações.
Conectados à internet, mapeiam os locais e executam processos necessários.
Tecnologia de vídeo analítico
Siqueira ressalta a importância do uso da tecnologia de vídeo analítico, que dá suporte para o monitoramento de pessoas e processos. Desse modo, é possível saber até se o colaborador usa corretamente o equipamento de proteção individual (EPI), checar condições de segurança, avaliar comportamentos e até evitar brigas.
No entanto, o desafio para os próximos anos, segundo Siqueira, será preparar os prestadores para fazer uso das tecnologias. “Pessoas com caneta e papel para fazer o checklist não será o perfil do futuro”, afirma ao ressaltar a tendência de uso de dados gerados por IA.
Nova realidade
Ricardo Vacaro, diretor-geral da RL Higiene, considera que a IA é uma realidade, que está entrando e vai abranger muitas atividades, seja nos processos produtivos, operacionais e, certamente, os tão aguardados robôs farão parte do cenário. Para ele, a IA tomará conta da gestão de pessoas e dos controles rapidamente. Com isso, torna-se urgente treinar pessoas para trabalhos mais analíticos.
“A IA dirá onde o colaborador deve estar em cada momento. A alimentação de dados permitirá alocar recursos de modo mais inteligente. O desafio será equilibrar as relações”, enfatiza Vacaro. No entanto, ele vê todas as transformações como um longo caminho a percorrer no Brasil. “Treinar robôs leva tempo, recursos e exige pessoas especializadas. É um caminho e no nosso universo há muitas especulações”, pondera.
Mudanças no mercado
Leandro Simões, CEO da Evolv, afirma que a IA já mostra transformações importantes no mercado da limpeza. Ele lembra que a limpeza foi executada, por décadas, da mesma forma em qualquer lugar do mundo, com pessoas limpando e rondas sendo feitas. Agora, entra com força a tendência da limpeza por demanda, que é usar a tecnologia para que a tarefa seja feita na hora certa.
“São os sensores que monitoram fluxos de pessoas e os dados entram em uma plataforma em que algoritmos inteligentes mandam equipes para os locais necessários. Dois aeroportos do Brasil foram para a lista dos melhores do mundo com a aplicação desses recursos”, pontua Simões.
O executivo lembra que as empresas de limpeza têm um lucro bruto apertado e enfrentam dificuldades na contratação de mão de obra. Nesse sentido, a combinação da IA com a gestão consegue a economia de valores representativos, otimiza equipes e reduz gargalos operacionais.
Sem confundir os termos
No universo das transformações tecnológicas é importante esclarecer que IA e automação são coisas diferentes. A automação é programar algo para executar tarefas repetitivas. Já a IA é a possibilidade de que as tarefas se realizem sozinhas. “A combinação homem e máquinas será potencializada pela IA. Temos muito em que aplicar a IA. No curto prazo, vejo o uso de ferramentas de inteligência para a gestão das operações”, destaca.
Também entre os usos mais imediatos, Simões destaca a ação preditiva nos equipamentos de limpeza. Sabe-se que equipamentos falham, quebram e precisam de manutenção corretiva para a operação continuar. Isso para serviços e prejudica os processos. Embora tenha a manutenção preventiva, nem sempre ela atua para evitar a quebra.
Com a IA entra em cena a manutenção preditiva, sensores são acoplados ao equipamento, coletam dados a partir de suas vibrações e enviam para a nuvem, onde com algoritmos desenvolvidos a partir do aprendizado com os equipamentos avisam que a falha pode estar prestes a acontecer. A geração de dados para o setor fará com que os profissionais “deixem de apagar incêndios”, enfatiza Simões.