CEO da Marie.AI é recebida pelo Nobel de Física

Geoffrey Hilton, pioneiro e considerado um gênio da Inteligência Artificial, recebeu hoje a Dra. Paula Santos Basilone para conhecer a sua empresa – a Marie.AI – que com o uso também da Inteligência Artificial possibilita diagnósticos médicos com precisão

Por Manoela Prazeres

O encontro entre a médica brasileira e o cientista Geoffrey Hilton (foto em destaque) já estava marcado antes dele receber nesta terça-feira o anúncio como ganhador do Prêmio Nobel de Física, junto com o cientista John Hopfield . Ele estava interessado em
conhecer a solução da Marie AI para facilitar o diagnóstico médico. Esse encontro acabou ocorrendo ontem, em Toronto, no Canadá, onde Geoffrey vive e trabalha. Os dois cientistas são reconhecidos no mundo inteiro pela pesquisa e desenvolvimento do chamado “aprendizado de máquinas”.
A startup Marie.AI tem por base uma verdadeira máquina, um banco de dados com mais de 4 milhões de imagens e 63 milhões de dados sobre diferentes doenças. O médico, com os exames do seu paciente, confrontados com os dados e informações da Marie AI, tem
mais segurança de definir um diagnóstico, em poucos minutos, com a precisão de 97,3%.
Médica, bióloga e especialista em computação Paulo Santos, de 32 anos, explica que o principal objetivo da Marie AI. é auxiliar os médicos no diagnóstico em UPAS, pronto socorro e hospitais, em especial no tratamento de doenças pulmonares, cardíacas e de
tumores. “A Marie. AI vem para aumentar a confiabilidade e a eficiência do atendimento médico, ao mesmo tempo em que proporciona segurança aos pacientes”, ressalta a médica.

O INÍCIO

O trabalho da Paula Santos com a Marie.AI começou com uma pesquisa que levou 10 anos. Essa pesquisa, em 2020, foi transformada na Marie. AI, uma empresa de impacto tecnológico na saúde, com foco em rastrear doenças respiratórias, incluindo o COVID-19. Essa tecnologia foi aprovada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo um exemplo de tecnologia desenvolvida no Brasil para beneficiar toda a população.
A Marie.AI é um modelo multimodal de IA Generativa, que em breve pretende alcançar 100 milhões de imagens e dados sobre diferentes doenças, além milhares de artigos e revistas científicas. Essa vasta base de imagens e dados permite à Marie.AI determinar índices de
concordância para agrupar grupos patológicos de doenças pulmonares, cardíacas e neoplasias (tumores).
Durante a pandemia, a plataforma apoiou o diagnóstico de 80 mil pessoas nas cidades de Camanducaia e Extrema, em Minas Gerais, e Itapeva, Barretos e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Essa plataforma serviu de suporte para os profissionais de saúde e melhorou o acesso ao atendimento médico de qualidade.

A INTEGRAÇÃO

Paula Santos observa que a integração entre a inteligência Artificial e a medicina é um avanço significativo no campo da saúde, por trazer uma série de benefícios que impactam positivamente no diagnóstico e no tratamento de condições médicas complexas. “A capacidade da IA de processar grandes volumes de dados, identificar padrões sutis e fornecer insights valiosos tem revolucionado a maneira como os médicos abordam diagnósticos desafiadores”, ressalta.
A importância da IA no diagnóstico de condições complexas reside na sua habilidade de auxiliar os profissionais de saúde na tomada de decisões precisas e rápidas. Em muitos casos, constata a médica, diagnósticos precisos podem ser difíceis de alcançar, devido à
natureza multifacetada das doenças, onde diversos fatores e sintomas interagem de maneiras variadas. “A IA pode analisar vastas quantidades de dados, incluindo histórico médico do paciente, resultados de exames laboratoriais e de imagem, e até mesmo informações genéticas, para identificar padrões que podem passar despercebidos pelos médicos humanos.
Essa capacidade de processamento de dados permite uma abordagem mais abrangente e individualizada no diagnóstico e tratamento de condições médicas complexas”, avalia.

TRIAGEM DE PACIENTES

A Inteligência Artificial também desempenha um papel crucial na triagem inicial de pacientes, já que identifica aqueles que requerem atenção urgente ou encaminhamento para especialistas. Ao analisar os sintomas e histórico médico de um paciente, a IA pode fornecer uma avaliação preliminar que permite uma alocação mais eficiente de recursos médicos, especialmente em ambientes de pronto atendimento onde o tempo é essencial.
No entanto, a médica considera importante ressaltar que a IA não substitui a expertise e o julgamento clínico dos médicos humanos. “Embora a IA possa fornecer insights valiosos, é o médico especialista que integra essas informações ao contexto clínico do paciente, levando em consideração fatores como histórico médico, sintomas presentes e resultados de exames para tomar decisões informadas sobre o diagnóstico e tratamento”, pondera.

TELEMEDICINA

Para o uso e difusão da Inteligência artificial em toda a área médica, a Marie.AI firmou uma parceria com a Wedoc, empresa especializada em telemedicina. A Wedoc tem a missão de repassar informações e soluções inovadoras para os médicos em UPAs, pronto socorros e
hospitais para que possam garantir uma prestação de serviços de saúde eficaz e eficiente.
Paula sustenta que a telemedicina desempenha um papel fundamental, ao conectar médicos especialistas a profissionais de saúde em todo o mundo, permitindo consultas e discussões colaborativas em tempo real. “Através da telemedicina, médicos em locais remotos ou com acesso limitado a recursos médicos podem obter suporte de especialistas em diversas áreas, ampliando assim suas capacidades diagnósticas e garantindo melhores resultados para os pacientes”, esclarece.
A combinação de inteligência artificial e telemedicina representa um avanço significativo no campo da saúde, oferecendo uma abordagem mais abrangente e eficiente no diagnóstico e tratamento de condições médicas complexas. “Enquanto a IA fornece insights
valiosos e auxilia na triagem inicial de pacientes, é o médico especialista, apoiado pela telemedicina, que integra essas informações ao contexto clínico do paciente, garantindo cuidados personalizados e de alta qualidade”, conclui.

CANADÁ E PRÊMIOS

No início do próximo ano, Paula Santos vai fazer uma imersão no Canadá, país hoje considerado o mais desenvolvido quando o assunto é Inteligência Artificial. Não sem motivo que o Nobel pelo seu trabalho com Inteligência Artificial seja do Canadá. Lá a Marie.AI ganhará novo porte para entrar no mercado internacional com as suas soluções para auxiliar os diagnósticos médicos.
Paula e a Marie.Ai serão levadas para o Canadá pela reconhecida empresa Dream2B, da empresária Regina Landim Noppe, especializada em levar startups brasileiras para este pais. Regina, que CEO e co-fundadora da Dream2B, já levou para o Canada mais de 50
startups, entre elas a Data H do empreendedor paulista Evandro Barros que hoje tem projeção mundial com suas diferentes empresas que utilizam Inteligência Artificial, em especial a que criou os veículos autônomos de entrega do ifood.
A frente da Marie. AI, Paula dos Santos já foi reconhecida pelo seu trabalho com diferentes prêmios, entre eles o Prêmio internacional da SBEB Boston Scientific na área de Inteligência Artificial em 2021, os Prêmios GSK-Albert Einstein e o Startup Challenge Astrazeneca 2023. Este ano ganhou o Global Recognition Awards.