Apesar da recessão do país, as cidades brasileiras estão adquirindo diversas soluções tecnológicas por meio de novos modelos de negócios e parcerias público-privadas. São câmeras inteligentes e utilização de drones, por exemplo, como ferramentas que auxiliam em ações na saúde, agricultura e nas finanças municipais.
Se, por um lado, prefeituras cada vez mais se utilizam de dados abertos e sistemas que, de alguma maneira, conversam com o público desenvolvedor de soluções, como aplicativos e sistemas integrados, empresas inovadoras também estão investindo na prestação de serviços com foco na economia proporcionada ao município.
Além desse novo estilo de negócios entre empresas e municípios, com participação nos resultados efetivos de determinadas ferramentas implantadas, o CTO da Smart Matrix, Charles Stempniak, disse a gestores, no 3º Congresso Paranaense de Cidades Digitais, que os municípios devem otimizar o custeio dos serviços modificando a forma dos contratos, aliado, por exemplo, ao uso de câmeras inteligentes capazes de fornecer imagens em quatro dimensões.
“Ao invés de você contratar um conjunto de 40 câmeras para monitoramento de praças, comércios e ruas principais da cidade, por que não contratar um serviço de monitoramento contínuo, que coloque os alertas e relatórios sobre a segurança como resultado de um contrato de prestação de serviço? “, questiona Charles.
A empresa que cuida desse serviço pode informar o poder público sobre o que está acontecendo de fato. “Ela não mais venderá uma ‘caixa preta’ que vai ser instalada com custos elevados, incorrendo no risco da tecnologia se tornar obsoleta e inútil, só porque as informações não foram devidamente processadas e o equipamento não teve a manutenção necessária”, observa ele, ressaltando que a integração de câmeras privadas com o poder público, desde que conectadas em um mesmo acervo de informações – Big Data – poderiam fornecer imagens em tempo real quando se aplica inteligência ao sistema, auxiliando efetivamente no combate ao crime, no momento em que ele acontece e até mesmo antes dele ocorrer.
Com a falta de boas infraestruturas de telecomunicações, principalmente, nos pequenos e médios municípios fora dos grandes centros, os drones equipados com câmeras inteligentes são exemplos também de como as tecnologias vão moldar a gestão no futuro.
O IPTU é um dos segmentos que pode ser melhor explorado e atualizado rapidamente pelos municípios, sem grandes investimentos, ao contrário de como acontece em boa parte das prefeituras hoje, que optam pela compra de plantas georreferenciadas feita com aviões. A economia efetiva utilizando tecnologias baseadas em drones e inteligência artificial, destaca o empresário, pode ser de 30% a 70% com relação ao custo de um levantamento aero tradicional.
Os ganhos com arrecadação podem ser auferidos anualmente, acrescenta ele, ou ainda em um processo de atualização em tempo real. Segundo Charles, a partir do momento em que a construção se torna habitável ou utilizável, já é possível determinar o quanto ela deveria arrecadar de impostos. E isso se faz sem avião. Se faz com câmeras embarcadas em robôs, com total segurança para população e absoluta fidelidade nessas medidas.
Eu tenho exemplos de cidades que contrataram aerolevantamentos e acabaram com um novo problema para gerenciar, já que aquele levantamento foi tão superficial que o IPTU que foi determinado pelo serviço era incorreto e o cidadão estava sendo lesado novamente. A imagem topográfica não revela a real situação e o padrão construtivo daquela edificação. Um telhado de uma churrasqueira ou garagem, por exemplo, sendo considerado num levantamento aéreo como se fosse uma casa ou sobrado”, alerta.
Drones x Aedes Aegypti – A Saúde é outra área em que municípios passaram recentemente a utilizar aeronaves não tripuladas, software de processamento inteligente de imagens e os serviços desenvolvidos pela empresa curitibana. Em períodos após as chuvas, locais no alto das casas e na sua área privativa podem se transformar em verdadeiros criadouros para as larvas do mosquito transmissor dos vírus da Dengue, Zika, Chikungunya e abrigo para outros vetores patogênicos.
É nesse momento em que os drones entram em ação filmando, interpretando as imagens e repassando informações exatas para prevenção, combate e erradicação de diversas endemias e epidemias. As cidades que estão em estado de emergência já tem acesso a recursos federais e contam com grande agilidade na contratação de serviços especializados como este.
Na agricultura, drones estão sendo utilizados com câmeras especiais, capazes de detectar com precisão problemas com as plantações, otimizando a agricultura. “Ou seja, lançar aquele produto ou nutriente apenas no local que está necessitando disso. Existem inúmeras aplicações para nossa tecnologia. Na gestão pública são pelo menos dez aplicações e na área privada, drones, câmeras e inteligência artificial podem prover soluções em mais de 24 diferentes áreas de aplicação”, explica.
Segundo o engenheiro especialista em visão computacional e inteligência artificial, as soluções de Big Data devem ser olhadas com atenção pelos gestores, devido a enorme quantidade de informações que a máquina pública tem necessidade e o dever de dominar, visando utilizar informações e tecnologias com maior velocidade na tomada de decisões.
Na mesma proporção, cita Stempniak, o uso de GIS (termo em inglês para Sistema de Informações Georreferenciadas) é uma das tecnologias da informação imprescindíveis para as cidades que querem investir no conceito de digitais e Smart Cities.
“Hoje quando se gerencia um município ou mesmo uma grande empresa, não basta ter as informações e o endereço aproximado delas. É necessário visualizar com exatidão o local onde essas informações são pertinentes. O GIS não mostra apenas mapas, mas representações tridimensionais fiéis do território de interesse, trazendo fotografias de alta-resolução e filmes daquilo que está acontecendo de fato. Todas as informações que podem conduzir a uma decisão eficiente e eficaz, apresenta-se diretamente na tela do computador”, explica.