Atuação das govtechs cresce 493% e Brasil se destaca com a oferta de serviços públicos digitais

A tecnologia já transformou diversos setores da sociedade e agora também está revolucionando a forma de governar. As govtechs – startups e empresas que desenvolvem soluções tecnológicas para o setor público – estão ganhando espaço e transformando a maneira como os governos se relacionam com os cidadãos.

Segundo o CEO do BrazilLab, Guilherme Dominguez, o crescimento desse ecossistema nos últimos quatro anos ocorreu em volume e qualidade, principalmente se comparado ao último estudo realizado em parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).

Em 2020, quando o mapeamento foi divulgado, foram identificadas 80 govtechs brasileiras vendendo de maneira consistente para governos ou atuando em parcerias com o setor público de forma recorrente. Apenas 20 iniciativas de inovação aberta para o governo existiam há quatro anos.

De lá para cá, 475 startups, pequenas e médias empresas foram criadas e passaram a vender ou colaborar com o governo. Um aumento de 493% na oferta de soluções focadas em resolver problemas do setor público.
Os dados fazem parte do Mapa Govtech realizado pelo BrazilLab – primeiro hub de inovação govtech do Brasil e da América Latina – em parceria com a Oracle, empresa de tecnologia em nuvem e infraestrutura de computação.

Hoje já são 330 iniciativas de inovação aberta ou laboratórios de inovação voltadas para esse mercado, um crescimento de quase 16 vezes, segundo o BrazilLab. A maioria das iniciativas, cerca de 56%, está vinculada ao Poder Executivo, número que evidencia o impacto dos serviços públicos digitais nos municípios.

“O ecossistema govtech está num momento consolidado, cresceu quase seis vezes nos últimos quatro anos e mais da metade da população brasileira já se beneficia dessa oferta. O resultado deste ano nos deixa otimistas de que talvez cresça no mesmo ritmo até 2030”, aponta Guilherme.

Além da expansão na oferta de soluções tecnológicas para o setor público, os investimentos nesse ecossistema também acompanham esse crescimento. Os “cheques” que giravam na casa dos R$ 200 mil multiplicaram-se por 11, desde que o movimento govtech começou no Brasil.

O aporte em uma govtech “brazuca” foi o maior da América Latina e abriu um precedente no setor: empreender no setor público pode ser tão sexy quanto ter uma fintech, healtech ou startup de inteligência artificial.

Fundada em 2017 pelo arquiteto Marco Antonio Zanatta (foto em destaque) quando a expressão govtech ainda começava a se difundir pelo mundo, a Aprova é uma plataforma de gestão e automação de processos no setor público. A empresa é filiada da Associação das Empresas de Tecnologia do Paraná (Assespro-PR).
“Muito importante falamos sobre as govtechs, que tem se mostrado cada vez mais importante na modernização e eficiência do setor público. A tecnologia é fundamental neste sentido, para ajudar na promoção de gestão pública mais ágil, transparente e voltada para as necessidades reais dos cidadãos”, analisa a presidente da entidade que representa o setor de TI no Paraná, Josefina Gonzalez.

No final de 2022, a empresa recebeu um investimento de R$ 22,5 milhões em uma rodada Seed liderada pela VOX Capital — gestora do fundo de CVC de Impacto do Banco do Brasil — e pela Astella. Também teve participação do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e da Endeavor, por meio do Programa Scale-Up.

O valor representa quase metade da quantia captada por govtechs brasileiras em oito das maiores operações divulgadas desde 2020, que totalizou R$ 48 milhões – segundo dados do LAVCA (Association for Private Capital Investment in Latin America) e Sling Hub.

Zanatta, que também é CEO da Aprova, projeta um crescimento exponencial nos próximos três anos. “Com cinco vezes mais fornecedores e entusiastas, o capital vai seguir esse caminho. Trabalhar com o governo será tão sexy quanto hoje é atuar em vertentes mais populares do ecossistema”, destaca.

Segundo o empresário, à medida que os gestores públicos identificam a importância dessa transformação – o que já vem acontecendo em muitos municípios brasileiros – a demanda aumenta e impulsiona investimentos em novas soluções para melhorar a oferta de serviços para população em diferentes locais e camadas.

“Vivemos uma revolução silenciosa que está transformando a América Latina em um continente digital, referência em serviços públicos autônomos e eficientes que oferecem uma experiência tão positiva quanto a já vivenciada (e aprovada) pelas pessoas no setor privado ao decidirem o que comer, onde comprar, como viajar ou socializar”, conclui ele.

Facebook
Twitter
LinkedIn