Lockin identifica “dor” de moradores de condomínios e projeta dobrar receita

Empresa, que atua no segmento de armários inteligentes, participa de rodadas de investimentos

Estar no lugar certo, na hora certa. Assim foi o início da história entre a Lockin, startup que desenvolve soluções para armários inteligentes, e a Smart, holding de investimentos de capital anjo. Guto Schneider (foto em destaque), durante o tempo de universidade, em 2019, notou que havia poucos armários e lockers no campus e que a burocracia e a falta de facilidade no acesso faziam com que os alunos também não tivessem interesse em utilizá-los.

Então surgiu a ideia de fazer um serviço automatizado, onde o acesso aos armários fosse feito via aplicativo, com fechaduras inteligentes e aluguel mensal do espaço. “Levamos para frente a nossa ideia e fundamos a Lockin. Porém, percebemos que os alunos preferiam economizar R$ 30,00 para uma assinatura de streaming e carregar seus materiais e pertences consigo”, relembra Schneider.

Com os negócios não caminhando, apesar da boa ideia, foi em um churrasco na cidade de Londrina que o fundador da Lockin teve sua sorte mudada. Ao contar em uma roda sobre o insucesso de seu empreendimento, um dos ouvintes se interessou e apresentou Guto Schneider a um conhecido, que era sócio da Smart Value Investment (SVI).

E a partir daí os rumos se transformaram. Um dos pontos fortes da Smart é investir em smart money, ou seja, capital intelectual, e antes de aportar qualquer valor na Lockin, foram meses de negociações e sabatinas para entender o potencial do negócio e como isso poderia ser escalado.

O primeiro passo foi entender o nicho de negócio e onde poderia haver lacunas. A solução: investir em construir armários inteligentes em condomínios para o recebimento de encomendas, delivery, cartas, sem qualquer necessidade de um porteiro e com a segurança necessária.

Assim, os armários que no começo da Lockin seriam para atender a alunos, começaram a sanar uma dor muito comum em condomínios. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios, no Brasil, cerca de ⅓ da população, ou 68 milhões de pessoas, moram em condomínios. E receber encomendas é sim um problema, especialmente se não existe uma portaria 24 horas.

Tecnologia
Dessa maneira, a tecnologia da Lockin permite que um entregador chegue até os armários, selecione o apartamento, o bloco e o tamanho da porta que precisa e deixe a encomenda no local. Após fechar a porta do armário, um recibo é emitido para o entregador e um SMS é enviado ao morador avisando da entrega. Quando ele quiser ir buscar o pedido, basta digitar o código de acesso enviado ao aplicativo e acessar o armário.

“Isso diminui o número de extravios por confusão de porteiros, anotar pedidos em caderninhos ou mesmo alocar os produtos em locais inadequados. Quanto ao delivery, também não existe mais o problema de ‘não receber o entregador’. Brincadeiras à parte, dá para pedir a comida e tirar um cochilo”, explica o fundador da Lockin.

Em relação ao plano de negócios, os contratos são sempre fechados com as administradoras do condomínio, que fazem os trâmites legais até permitir o acesso aos moradores. Isso possibilitou uma escalabilidade muito maior nos negócios.

Atualmente a empresa está presente em 14 estados do Brasil, e os negócios seguem de vento em popa. Na primeira rodada com a SVI, foram levantados junto aos investidores cerca de R$ 200 mil, valor utilizado em pesquisa, desenvolvimento, contratação de equipe e compra de equipamentos e desenvolvimento de negócios. Outros R$ 200 mil também já foram aportados no negócio por outro grupo de investidores na mesma rodada, o PoliAngels.

Para 2023, ainda com a mentoria do time da SVI, a empresa busca crescer cerca de 100% no faturamento. Em 2022, a empresa conseguiu atingir R$ 1 milhão em faturamento, e já projeta para este ano chegar na casa dos R$ 2 milhões, escalando ainda mais os negócios com armários em todos os estados do Brasil. Além disso, a Lockin está participando de outra rodada de investimento, para captar fundos que ajudem na robustez das operações, como por exemplo, comprar mais matéria-prima para montar os armários, que custam em torno de 15 mil reais cada um.

“Para você que é empreendedor, é sempre importante falar do seu negócio e ter paixão por ele. A gente nunca sabe aonde a informação pode chegar. Ter essa experiência com o time da Smart foi fundamental, e me ensinou também o quanto é valoroso investir em pessoas”, celebra Guto Schneider.

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