Uma prótese para a mão fabricada a partir de uma impressão 3D que é capaz de realizar movimentos por impulsos musculares. O protótipo foi desenvolvido e utilizado por Andrey Hertel, estudante de engenharia eletrônica na Faculdade Anchieta de Ensino Superior do Paraná (Faesp), em Curitiba.
Andrey nasceu com agenesia (atrofia de órgão) em um dos braços e, como entusiasta de tecnologia, buscou aprender sobre microeletrônica aplicada a próteses. Agora, ele quer produzir uma versão que possa ser comercializada e ampliar o acesso de deficientes físicos a próteses mais baratas e funcionais. Em 2018, o projeto reconhecido no 11º Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável com o 1º lugar na categoria Empreendedorismo Social.
“Quando criei a prótese busquei resolver um problema e agora quero também ajudar outras pessoas. Sei como é difícil ter acesso a próteses mais acessíveis e com as funcionalidades necessárias para ajudar as pessoas no seu dia a dia. Por isso, estamos engajados nesse processo. Queremos vender não apenas próteses, mas uma mudança de vida”, afirma.
Autodidata, Andrey desenvolveu o protótipo como uma alternativa aos altos preços de próteses vendidas no mercado (podem ultrapassar a R$ 100 mil). Para isso, pesquisou, estudou e, mesmo antes de entrar na faculdade, desenvolveu uma primeira versão. Na Faesp, aprofundou estudos e se uniu ao também estudante de engenharia eletrônica, Lucas Cândido da Silva e, ao engenheiro mecânico, Arturo Vaine. O trio integrou conhecimentos para aperfeiçoar o modelo de base. Em parceria com dois centros de reabilitação, em Curitiba, estão fazendo testes da prótese.
“Queremos unir tecnologias de manufatura aditiva a modelos customizados, e tecnologias de sensoriamento mioelétrico, para a construção de um produto de funções e custo, inexistentes hoje em dia”, destaca Arturo Vaine.
Com a ajuda do Sebrae/ PR, a ideia envolve a elaboração um modelo de negócio que permita produzir as peças a preços acessíveis, além de superar desafios como obter licença da Anvisa.
“Eles terão capacitação para que os modelos sejam testados, validados e para que a primeira venda seja realizada em seis semanas. Serão consultorias personalizadas para que a gente chegue a um protótipo final, para a construção de um modelo de negócios sustentável, rentável e com o planejamento para as próximas etapas do negócio”, afirma o consultor do Sebrae/PR, Vinícius Galindo de Mello.
A ideia dos empreendedores também foi aprovada na segunda fase do Sinapse da Inovação, programa de incentivo ao empreendedorismo inovador da Fundação Araucária, com execução da Fundação CERTI e o apoio do Sebrae e Sistema FIEP.
Como funciona a prótese
A prótese de Andrey é criada digitalmente por meio da impressão 3D e voltada para a amputação abaixo do cotovelo e acima do pulso. Dois sensores conectados na altura do bíceps e do tríceps possuem eletrodos que captam os impulsos musculares e passam por um arduíno, uma placa de prototipagem de código aberto que pode ser programada para o desenvolvimento de projetos interativos diversos. O arduíno é capaz de transformar esses estímulos em impulsos elétricos capazes de produzir movimentos dos dedos da prótese.
O sistema inclui servomotores capazes de acionar a flexão e extensão dos dedos, de forma controlada e em diferentes modos de fechamento e abertura da mão.