Quando o analista de sistemas Carlos Pirovani decidiu criar uma ferramenta para seu irmão estudar para o ENEM, no final de 2013, não imaginava que a ideia pudesse ir tão longe. Natural de Cuiabá (MT), o empreendedor via potencial no negócio, mas sabia das dificuldades de uma startup fora do eixo tecnológico nacional conquistar o mercado. Cinco anos depois, a Estuda.com (www.estuda.com) chega a um milhão de usuários, além de estar presente em mais de 300 escolas em todas as regiões do país.
“Ter um milhão de usuários já é um acontecimento para qualquer startup. Para nós, que tivemos que superar o fato de virmos de um estado sem tradição de tecnologia, é especialmente gratificante”, diz Pirovani, que criou a startup junto ao programador Vitor Freitas. A marca foi atingida no dia 23 de março, mesma data em que a empresa recebeu seu primeiro aporte financeiro, realizado pela Garan Ventures, de Brasília.
A partir do investimento, a ideia é expandir a atuação da startup no Brasil e entrar em outros países da América do Sul. O cenário é propício: as edtechs, como são conhecidas as novas empresas de tecnologia educacional, são uma tendência mundial que segue a trilha aberta pelas fintechs. Segundo uma estimativa da conferência EdTecXGlobal, o mercado deve movimentar US$ 252 bilhões ao redor do mundo até 2020.
“De fato, o setor educacional está aquecido como um todo no Brasil, com diversas instituições de ensino médio e superior listadas na bolsa, por exemplo. Há um potencial econômico muito grande na área”, avalia Pirovani.
Trajetória
A Estuda.com – batizada originalmente de Estuda Vest – trouxe uma nova abordagem para uma prática tradicional de estudantes prestes a fazerem Enem e vestibulares: a resolução de provas antigas. “Os alunos perdiam tempo baixando as provas e corrigindo manualmente, além de não conseguirem analisar o desempenho, o que dificultava o direcionamento do estudo”, explica Pirovani.
Com o tempo, o modelo chamou atenção de escolas de ensino médio e fundamental II, que encontraram na plataforma uma ferramenta para facilitar o processo de criação e gestão de avaliações, além da identificação de pontos fracos e fortes dos alunos. A partir dos relatórios de desempenho, por exemplo, é fácil visualizar se um conteúdo que foi dado em sala de aula foi absorvido ou não pelos alunos.
A partir de um banco de questões com mais de 70 mil itens, os professores economizam tempo na hora de montar avaliações, inclusive com possibilidade de adaptar ou incluir novas perguntas. A startup também tem uma tecnologia de leitura de cartões de respostas que pode ser realizada por meio de smartphones ou scanners e acelera o processo de correção das provas. “Nós permitimos a equipe pedagógica a se concentrar nos aspectos educacionais ao facilitarmos a gestão dos suportes utilizados nesse processo”, explica o sócio da Estuda.com.
Hoje, 41,2% dos usuários da Estuda.com são da região sudeste, e apenas 10,4% da região Centro Oeste. Até o final do ano, a expectativa da startup é estar presente em 400 escolas, atingir 2 milhões de usuários e alcançar um faturamento de R$ 2 milhões.