Março é o mês em que celebramos as conquistas igualitárias das mulheres perante a sociedade, data que marca a história do público feminino, principalmente quando tratamos da presença no mercado de trabalho. Atualmente, ainda vivemos algumas dificuldades que precisam ser ultrapassadas, como a falta de diversidade de gênero no mercado de trabalho.
Em um cenário de empecilhos, sobretudo com o desemprego causado pela pandemia do novo coronavírus, é necessário ter um olhar de esperança, em especial na educação, que tem o poder de transformar situações de vulnerabilidade em realidades de oportunidades.
Presença feminina na área de tecnologia
No mês das mulheres, para ressaltar essa representatividade feminina, que gera possibilidades de formação e emprego, podemos destacar a {reprograma}, startup social paulistana que promove a capacitação em programação para mulheres, preferencialmente negras e/ou trans, que vivem em situações de vulnerabilidade social. Até o momento, mais de 700 mulheres já se formaram em cursos de back e front-end.
A ideia da criação da startup foi desenvolvida pela economista peruana, Mariel Reyes Milk, que após dez anos atuando na área de sustentabilidade da Corporação Financeira Internacional, do Grupo do Banco Mundial, resolveu apostar no universo do empreendedorismo, no qual pudesse impactar de forma direta o aspecto social do dia a dia das pessoas.
“Essa cultura de ajudar aqueles que não têm oportunidades é algo que tenho enraizado, pois desde muito nova meus pais sempre se preocuparam em ensinar para mim e meus irmãos sobre a importância de ajudar o próximo” – nos conta a CEO da {reprograma}.
Em um tempo mais distante, os avós da empreendedora atuavam como missionários da Igreja Metodista norte-americana, entre as décadas de 40 e 70, eles viveram em vários países latino-americanos e asiáticos. Sua avó trabalhou com mulheres das comunidades em temas de nutrição, enquanto o avô fazia trabalhos de desenvolvimento econômico nessas mesmas comunidades, resultando em projetos que impactaram de maneira social e positiva a vida das pessoas na época.
Antes da abertura da {reprograma}, a peruana não conseguia encontrar cursos de programação no estilo bootcamp, no Brasil, voltado para mulheres em situação de vulnerabilidade e com foco na empregabilidade, diferente de alguns países da América do Norte e da própria América do Sul, como no Peru, por exemplo. Assim, através dessa lacuna de mercado nasceu a ideia de fundar a startup social.
Em maio de 2016, Mariel e algumas voluntárias lançaram o piloto do bootcamp, no qual atuaram de forma gratuita, no primeiro ano. Além disso, eles tiveram o apoio de empresas como a Recode, que cederam o espaço para a prática do curso.
No mesmo ano, a peruana convidou duas colegas para fundar a {reprograma}, Fernanda Faria – atual Diretora de Operações e comunicóloga, e Carla De Bona – atual Diretora de Ensino, designer, professora e especialista em UX.
Grandes parcerias que geram oportunidades
Com o objetivo de diminuir as lacunas de gêneros na área da tecnologia, as líderes femininas da startup começaram a procurar por empresas que poderiam se tornar parceiras para investir financeiramente no projeto, além de atuarem como possíveis colaboradoras de empregabilidade no segmento de T.I.
Ao longo das tentativas, as propostas começaram a ser aceitas e logo empresas com peso de mercado começaram a ajudar na capacitação de centenas de mulheres em situações de vulnerabilidade social.
Até 2020, a {reprograma} investiu, juntamente com o apoio de empresas parceiras, mais de dois milhões de reais em seus projetos. Entre 2021 e 2022, a startup terá um investimento de mais de quatro milhões de reais no programa Todas em Tech, projeto com duração de 24 meses, que vai contar com a participação de aproximadamente 2,4 mil mulheres.
O novo projeto, que tem como parceiro o BID Lab, Laboratório de Inovação do Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento, irá destinar no mínimo 55% das vagas para mulheres negras e 5% para mulheres trans. Além disso, outras empresas fazem parte desse leque de colaboração, como Accenture, Creditas, Facebook e iFood.
Diversidade de gêneros na área de T.I
Atualmente, menos da metade das mulheres negras brasileiras, cerca de 46%, exercem trabalho remunerado e apenas 8% das que trabalham no mercado formal ocupam cargos de gerente, diretora ou sócia proprietária de empresas. Na fatia de 46% que estava trabalhando, apenas 20% atuam como autônomas, de acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Indique Uma Preta e pela empresa Box1824.
Com a necessidade de popularizar a diversidade de gênero dentro das empresas, a formação oferecida pela {reprograma} tem como objetivo desenvolver o perfil de novas criadoras de tecnologia, além de ressaltar para as mulheres que elas pertencem a esse universo, que muitas vezes é visto somente pela presença masculina.
“É fundamental reprogramar esse cenário, aumentar o percentual da participação feminina em cadeiras relevantes da área de T.I. Desta maneira, teremos uma sociedade de igual para igual, independente do gênero” – nos conta Reyes.
Apenas 35% dos estudantes matriculados no ensino superior na carreira de T.I são mulheres, de acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Brasil, a {reprograma} é a única iniciativa que foca em mulheres em vulnerabilidade, preferencialmente trans e /ou negras, e que oferece cursos de front-end e back-end gratuitos, com foco em empregabilidade. Além de trabalhar no aprimoramento de competências comportamentais, chamados de soft skills, e no desenvolvimento de portfólio das alunas, para conectá-las ao mercado de trabalho.
Sobre a Reprograma
Fundada em 2016, pela peruana Mariel Reyes Milk e suas sócias Carla de Bona e Fernanda Faria, a startup social paulistana que ensina programação para mulheres, priorizando as negras e/ou trans, por meio da educação, tem o objetivo diminuir a lacuna de gêneros na área de T.I. A {reprograma} possui grandes empresas parceiras como Accenture, Creditas, Facebook iFood, entre outras.