A recente alta do dólar não deve afetar o volume das vendas nos supermercados neste Natal. Segundo o superintendente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Tiaraju Pires, a valorização da moeda norte-americana tende a deixar os preços dos produtos importados "menos competitivos", embora sem grandes impactos sobre as vendas. "A alta do dólar não vai inibir o consumo neste Natal. O dólar em um patamar entre R$ 1,80 e R$ 1,75 mantém um certo equilíbrio (para os preços finais)", disse.
Pires destaca ainda que o aumento nos preços dos produtos importados para o final deste ano nos supermercados não deve acompanhar o mesmo porcentual de valorização do dólar. "Os consumidores e os varejistas devem buscar a substituição de produtos cotados em dólar por outros similares, não só entre fornecedores nacionais como também de outros importadores. O repasse da alta do dólar vai depender da negociação de cada varejista".
Sem a Copa do Mundo, como aconteceu no passado, o volume das vendas nos supermercados registrou forte desaceleração nos oito primeiros meses do ano. Segundo levantamento da Nielsen, feito a pedido da Abras, a quantidade de produtos comercializados entre janeiro e agosto subiu 2,5% em relação a igual período do ano passado. Como comparação, no mesmo intervalo de 2010, as vendas avançavam 6,8% sobre o ano imediatamente anterior.
O impacto positivo do mundial de futebol sobre as vendas se observa na categoria de bebidas alcoólicas, sobretudo de cervejas. Em 2010, a comercialização de cervejas cresceu 19,5% entre janeiro e agosto, enquanto no mesmo período deste ano avançam 4,3%. Já outras categorias de bebidas se destacam em termos de crescimento nesse mesmo período de 2011, caso do vinho, com alta de 34,5%, do suco de fruta pronto para o consumo (+18,6%) e da bebida à base de soja (+15,2%).
Segundo o levantamento da Nielsen, a categoria de bebidas alcoólicas liderou o crescimento do volume das vendas entre janeiro e agosto, com uma alta de 7,2%, seguida por perecíveis (+5,2%); pela cesta "outros", que inclui produtos como cigarros e filtros de papel (+3,9%); bebidas não alcoólicas (+3,1%); higiene e beleza (+2,4%); limpeza caseira (+1,4%); e mercearia doce (+1,2%).
A única categoria que apresentou queda foi a de mercearia salgada, com retração de 0,6%, puxada pela diminuição no período das vendas de óleo e azeite (-7,2%), de arroz (-5,1%) e massa alimentícia (-3,6%). "Isso acontece pelo processo de sofisticação do consumo do brasileiro, com o aumento da renda, que reduz as compras de produtos básicos nos supermercados e aumenta a procura pela alimentação fora do lar", explicou Pires.
Por formatos, as lojas com até nove caixas puxaram o volume de vendas nos supermercados entre janeiro e agosto comparado ao mesmo período de 2010. Segundo a pesquisa da Nielsen, as vendas em lojas com um a quatro caixas subiram 3,8%, entre cinco e nove caixas, 2,5%, de dez a 19 cresceu 2,1% e nos supermercados com mais de 20 caixas o incremento atingiu 1,7%.
Segundo Pires, o volume das vendas tende a se manter até o final do ano no patamar de crescimento de 2,5%, assim como observado no acumulado até o mês de agosto. "Mesmo com o cenário externo preocupante, o mercado interno vai compensar, mantendo as vendas em alta", afirmou.
Ele disse acreditar ainda que o recente aumento do nível de endividamento do consumidor também não deve afetar as vendas deste Natal. "Mesmo com mais dívidas, o salário continua subindo, o que não deve comprometer o bolso do consumidor para as compras de final de ano nos supermercados."
A Abras reafirmou hoje a expectativa de crescimento de 4% das vendas reais (descontada a inflação) nos supermercados este ano. De janeiro a agosto, as vendas reais crescem 4,2% em comparação ao mesmo período do ano passado.