A estabilidade econômica e o aumento da renda média no Brasil estão contribuindo para um fenômeno: nos últimos anos, cerca de 20 milhões de pessoas da classe C foram inseridas no mercado de consumo. Essa realidade, dentre outros efeitos, muda o perfil do mercado de alimentação no País.
De acordo com Enzo Dona, consultor de negócios da cadeia produtiva da alimentação e diretor da ECD Consultoria, a classe C hoje representa 46% da população brasileira, e deve chegar a 58% em 2012.
A relação entre essa quantidade e a transformação do mercado de alimentos se torna ainda mais significativa quando se considera que, no momento, a classe C gasta 40% do que ganha com alimentação.
Transformações
Como primeira conseqüência do aumento na participação da classe C no mercado de consumo, Enzo aponta o crescimento do segmento de lanches. "Primeiro esse cidadão passa no quiosque, depois sonha com a lanchonete e, em seguida, com a rede fast food", ilustrou.
Atualmente, o número de refeições consumidas por dia no Brasil gira em torno de R$ 55 milhões. Esse número vai aumentar para 74 milhões por dia até 2012, segundo o consultor. Em 2009, o total do faturamento do setor de alimentação fora do lar será de R$ 64,7 bilhões e, em 2012, R$ 90 bilhões.
No ano passado, como informa a Agência Sebrae, cerca de 26% das despesas totais dos brasileiros economicamente ativos com alimentação foram com refeições fora do lar. O almoço equivale a 83% desse novo hábito nacional.
Dividindo a cozinha
Outra mudança no perfil da sociedade brasileira que deve influenciar no mercado de alimentação é o aumento no número de mulheres trabalhando fora.
Segundo o consultor, isso provoca um deslocamento no local das principais refeições, já que as mulheres não tendem mais a ser o eixo principal do funcionamento de uma cozinha.
Com cada vez mais mulheres no mercado de trabalho, o preparo das refeições acaba sendo tarefa dividida, tanto com os demais membros da família, quanto com restaurantes.
Além disso, a falta de tempo para preparar ou consumir as refeições em casa deve propiciar um acréscimo no número de pessoas que se alimentam em estabelecimentos comerciais. "Mulher cozinhando em casa vai ser uma espécie em extinção", acrescenta Enzo.