O Grupo Boticário quer ampliar sua representatividade nos mercados das regiões Norte e Nordeste do País, com os investimentos de R$ 355 milhões anunciados hoje para a construção de uma fábrica de cosméticos e de um centro de distribuição (CD) no Estado da Bahia. Segundo o presidente da companhia, Artur Grynbaum, são cerca de 800 lojas O Boticário no Nordeste, sendo aproximadamente 200 em municípios baianos. "Prevemos reduzir nossas entregas a pequenos municípios nordestinos de 12 para 6 dias", disse hoje durante teleconferência com jornalistas sobre os investimentos.
Atualmente, os produtos do grupo vêm de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR), que conta com uma fábrica com capacidade de produção de 250 milhões de itens ao ano. Como apoio, a empresa tem um centro de distribuição em Registro, no Vale do Ribeira (interior de SP). Grynbaum afirmou que a fábrica na Bahia nascerá com capacidade de produção de 330 milhões de itens ao ano. Já o centro de distribuição baiano movimentará até 417 milhões de itens ao ano. "Em um primeiro momento, a nova fábrica irá atender o Norte e o Nordeste. Depois, poderá atender também o Sudeste", explicou.
Na Bahia, serão produzidos itens de perfumaria e cuidados pessoais, como cremes, loções e xampus para as marcas O Boticário e Eudora. Já a produção de maquiagem continuará apenas em São José dos Pinhais (PR). Segundo Grynbaum, novos investimentos deverão ser anunciados até o final deste ano para ampliação da capacidade da fábrica no Paraná e também do CD em São Paulo. Juntas, as marcas O Boticário e Eudora têm portfólio superior a 1 mil itens de perfumaria, maquiagem e cuidados pessoais.
Após a assinatura hoje do protocolo de intenções, com o governador da Bahia, Jaques Wagner, Grynbaum disse que, em parceria com o governo regional, serão avaliadas até o primeiro semestre de 2012 as opções de terrenos para a instalação da fábrica e do centro de distribuição. O executivo adiantou que os municípios de Camaçari, Feira de Santana, Simões Filho e Candeias estão entre os cotados para receber os investimentos. "Não vou dizer que vá ser um desses quatro (municípios). Poderemos ampliar nosso raio de busca", despistou.
Os recursos para a fábrica e o centro de distribuição na Bahia serão próprios e, segundo Grynbaum, complementados por empréstimos do BNDES ou do Banco do Nordeste. "Ainda não fechamos o pacote final (de empréstimos)". O executivo destacou que o governo da Bahia concederá incentivos por meio da postergação do pagamento de tributos.
No primeiro ano de operação da fábrica e do CD, que deverá ocorrer em 2013, os empreendimentos devem gerar cerca de 700 empregos diretos e 100 indiretos. Durante as obras, com previsão de 18 meses, a estimativa é de que sejam criados cerca de 1 mil postos de trabalho.
A projeção de Grynbaum é de que o faturamento do grupo, sem os franqueados, avance acima de 20% este ano, atingindo aproximadamente R$ 2 bilhões. Considerando as vendas dos franqueados, o executivo prevê que o faturamento atinja R$ 4,6 bilhões em 2011, também alta superior a 20%.
Após ingressar no mercado de venda direta, com a Eudora, e no de lingerie, por meio de uma participação minoritária na Scalina, proprietária das marcas lingerie Trifil e Scala, Grynbaum não descarta novos negócios. "Não temos nada estabelecido, mas estamos atentos a novas oportunidades", disse.
Segundo ele, a marca Eudora, lançada este ano, já está presente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A empresa vai lançar ainda este ano uma loja conceito da marca em Salvador (BA). Outros Estados nos quais a Eudora pretende chegar ainda este ano são Ceará, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul.
Questionado pela Agência Estado sobre planos de abertura de capital na Bolsa, Grynbaum descartou a possibilidade "no curto e médio prazos". "Temos a capacidade própria de alavancar nossos investimento e pretendemos continuar assim", afirmou.