Os empresários brasileiros estão no pódio do campeonato global de confiança em bons negócios para o futuro imediato (2011) e também para o futuro próximo (até 2014). Tanta confiança que estão entre os mais dispostos a contratar, empatados até com a formidável máquina da China/Hong Kong.
São constatações que aparecem na pesquisa anual que a consultoria PwC (PricewaterhouseCooper) fez no fim de 2010 e apresentou ontem em Davos, como o faz há 14 anos, na véspera da inauguração do encontro anual do Fórum Econômico Mundial. A PwC ouviu 1.201 executivos-chefes de 69 países.
Dos brasileiros consultados, 68% dizem que vão contratar mais funcionários neste ano, a terceira maior porcentagem.
Se essa perspectiva se transformar em contratações, o efeito será econômico e político. Econômico porque, como é óbvio, mais gente empregada consome mais e por extensão movimenta mais as rodas da economia.
Político porque ter emprego é a principal fonte do chamado "feel good factor", esse sentir-se bem que foi talvez o impulso maior para a vitória de Dilma Rousseff.
Mas, como a próxima eleição, no ano que vem, é municipal, os beneficiários do "sentir-se bem" tendem a ser os atuais prefeitos. O eleitor não separa, de modo geral, o "sentir-se bem" em municipal, estadual ou federal.
O entusiasmo dos executivos brasileiros por empregar mais só perde para o dos da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), que concentra os novos tigres, bafejados pela expansão da China, e o dos da Índia, a outra grande locomotiva do crescimento global.
TRIBUTOS
Tamanho otimismo só conhece uma sombra: o temor de que o governo eleve os impostos, manifestado por 63% dos brasileiros ouvidos.
Trata-se, de todo modo, de receio universal, além de lógico: quase todos os governos tiveram de elevar sua dívida e seu deficit para evitar que o mundo quebrasse na crise de 2008/09. Agora são obrigados a adotar medidas de austeridade para recompor a saúde de suas finanças.
Mesmo o Brasil está anunciando corte de gastos, embora não tenha sofrido os efeitos da crise com a mesma intensidade.
O temor de 74% dos executivos norte-americanos e de 70% dos indianos, por exemplo, é que o ajuste fiscal se faça principalmente via aumento de tributos, em vez de corte de gastos.
Difícil, em todo caso, dizer se esse temor é conjuntural ou atávico. O empresariado é tradicionalmente avesso ao pagamento de impostos.
Não fosse esse receio, o encontro de 2011 de Davos começaria em ambiente de tanto otimismo entre os executivos que eles pareceriam ter voltado ao espírito pré-crise.
Pouco mais da metade (51%) se diz muito confiante nas perspectivas de negócios para os próximos três anos, quando, no pico da crise, apenas 34% manifestavam tal confiança.
Mas o sentimento de crise não está totalmente vencido no futuro imediato: só 48%, em vez de 51%, esperam grandes negócios para 2011, ainda abaixo dos 50% de ultraconfiantes que havia na pesquisa de 2008, quando a crise começava a se instalar.