Gigantes do varejo crescem menos do que as médias e grandes companhias

As gigantes do setor cresceram 7% no último ano, abaixo da média de 10% do varejo como um todo, segundo levantamento do Ibevar

O crescimento do varejo de bens de consumo no último ano foi puxado pelas médias e grandes empresas, principalmente por causa de fusões e aquisições ocorridas entre as companhias desse porte. Já as gigantes do setor, como Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart, Americanas e Makro, tiveram desempenho abaixo da média do varejo e ficaram estacionadas nos processos de fusões e aquisições.

Isso é o que revela o ranking das 100 maiores empresas do varejo brasileiro feito pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar). Segundo o estudo, o varejo de bens de consumo, excluindo veículos e combustíveis, cresceu 10% de 2009 para 2010. Enquanto isso, as 80 maiores varejistas desse segmento ampliaram em 25% as vendas. O faturamento das cinco maiores, no entanto, cresceu 7% nesse período. Já as dez maiores registraram um acréscimo de 13,6% na receita. Essa taxa de variação é quase o dobro da alcançada pelas gigantes do setor.

"O segredo do crescimento está nas outras empresas, que estão fora do ranking das cinco maiores redes varejistas", afirma o presidente do Ibevar e responsável pelo ranking, Claudio Felisoni de Angelo. O especialista observa que o ranking foi construído a partir do dados de balanço das companhias e pesquisas feitas diretamente com as empresas. A lista considerou as fusões e aquisições realizadas em 2011, exceto a do G.Barbosa com Prezunic.

Como a média de crescimento do varejo foi de 10% de 2009 para 2010 e as 80 maiores cresceram 25%, Felisoni atribui essa diferença ao avanço das fusões e aquisições entre companhias de médio para grande porte.

Como exemplos de movimentos de concentração feitos recentemente, ele cita cinco casos: o Magazine Luiza, a Máquina de Vendas, a Drogasil com a Droga Raia, a Drogaria São Paulo com a Pacheco e a Lojas Renner com a Camicado. Todas essas companhias são de médio para grande porte, mas não chegam a fazer parte do rol das gigantes. Aliás, uma das mudanças ocorridas no grupo das cinco primeiras de 2009 para 2010, foi saída da Máquinas de Vendas e a entrada do Makro. A Máquina de Vendas ocupava no ranking anterior a 5ª posição e caiu para o 7º lugar. Já o Makro ascendeu do 6º para o 5º lugar em faturamento.

Felisoni destaca o forte processo de consolidação que vem ocorrendo no segmento de drogarias. Hoje os grupos Drogasil/ Droga Raia e Drogaria São Paulo/ Pacheco faturam cerca de R$ 4 bilhões cada. Um ano atrás, a receita dos líderes desse segmento era metade da atual.

Concentração. Os dados do estudo mostram também que as cinco maiores varejistas num ranking de 80 empresas do setor respondiam por 54% das vendas em 2009. No ano passado, as cinco maiores detiveram 46,58% do faturamento, também para uma lista de 80 companhias. "As gigantes ficaram paradas nesse período, perderam participação", afirma o vice-presidente do Ibevar, Eduardo Terra. Para Felisoni, essa parada é momentânea e reflete, em parte, o revés sofrido na tentativa do Pão de Açúcar de comprar o Carrefour.

Ele acredita que, após essa onda de negócios entre empresas de médio para grande porte, as gigantes devem voltar a se interessar pela aquisição dessas empresas que ficaram mais robustas com a compra das menores. A lógica do movimento, explica o especialista, é a seguinte: pressionadas pelo Fisco, as empresas regionais se formalizam. Com isso, reduzem sua margem de lucro e acabam sendo compradas pelas varejistas de maior porte. O passo seguinte é a gigante adquirir as grandes empresas que incorporaram as regionais.

Outro dado importante é a participação de estrangeiros. Na lista das 100 maiores, as cinco primeiras são controladas por estrangeiros, exceto o Pão de Açúcar. Por cláusulas contratuais, o grupo passará a ser controlado pelo Casino em 2012. Há 15 anos, o único estrangeiro entre as cinco maiores era o Carrefour.

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