Greve dos auditores fiscais gera problema de estoque nas lojas do comércio

O vice-presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Roberto Mateus Ordine, alerta para o problema de estoques nas lojas do comércio que vira à tona, caso a greve dos auditores fiscais da Receita Federal, iniciada em 18 de março, não chegue ao fim. "Por enquanto, os empresários ainda não sofreram grandes prejuízos porque já contavam com um estoque de produtos, mas uma hora esse estoque irá acabar", avisa.

Segundo ele, empresários e associações comerciais estão apenas observando atentamente a greve, sem interferir de maneira incisiva, pois se trata de um problema do governo federal. Mas o vice-presidente da ACSP lembra que quanto mais tarde a paralisação terminar, pior será.

"Vamos supor que a greve termine amanhã. Mesmo com a liberação dos produtos que hoje estão presos nos portos e aeroportos, com o acúmulo do trabalho dos auditores, haverá demora para liberar a próxima remessa de mercadorias. Isso significa que, futuramente, teremos problemas de falta de estoque". Os segmentos mais afetados são aqueles que importam eletrônicos e alimentos.

O que o empresário deve fazer

Para Ordine, o comerciante deve buscar soluções e se antecipar à extensão por longo período da greve. A recomendação é buscar, na medida do possível, um fornecedor nacional. "No entanto, há alguns segmentos em que simplesmente não há fornecedores nacionais. As empresas importam produtos justamente para atender a demanda interna. Em alguns segmentos da indústria, a produção está quase no limite", enfatiza.

Greve

Segundo informou o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), projeções indicam que cerca de US$ 300 milhões em mercadorias continuam parados nas alfândegas. Já de acordo com o presidente do Sinaees (Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Amazonas), Wilson Périco, a matéria-prima parada nos centros alfandegários do porto e do Aeroporto Internacional de Manaus, aguardando fiscalização, irá originar prejuízo de US$ 100 milhões à indústria local.

Périco disse que a resolução do problema é aguardada com ansiedade, por conta do Dia das Mães, a segunda melhor data para o varejo brasileiro, após o Natal. A data comemorativa origina vendas e contratações. "Quem está arcando com a greve é a sociedade, com os investimentos que deixam de ser feitos e os empregos que deixam de ser gerados", afirmou à Agência Brasil.

Já o presidente do Unafisco (Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal) no Amazonas, Paulo Sérgio Souza, afirmou que a greve só foi desencadeada porque o Governo Federal não cumpriu com os acordos fechados nas negociações iniciadas em 2007 sobre os ajustes salariais. "Os auditores fiscais não desejavam a greve", garantiu.

Manifestação

Nesta quarta-feira (9), às 9h, auditores fiscais de todo o Brasil participam de Ato Público, em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília. A manifestação tem como propósito demonstrar a insatisfação da classe com o governo federal, que ainda não apresentou uma proposta completa, após mais de sete meses de negociação.

A expectativa da categoria é que, diante da manifestação, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, receba uma comissão de auditores.

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