A expressão “invasão do luxo” tem sido utilizada pela imprensa para descrever o desembarque crescente de marcas de luxo globais na capital paulistana. Com a recente inauguração de mais um shopping
de alto luxo, chegaram por aqui marcas consagradas mundialmente que definitivamente carimbaram nosso passaporte na rota internacional da classe “triple A”, ou seja, o topo da classe A.
Esses empreendimentos de luxo são verdadeiros oásis na metrópole. Espaços que unem comodidades de tecnologia, tais como estacionamentos com sinais luminosos que indicam a direção que você deve ir para encontrar vagas, ao invés de deixar o cliente rodando em vão com o carro até encontrar uma vaga ou se irritar e desistir. Outra novidade no quesito “conforto para estacionamentos” é o mapeamento por QR code – o cliente pode baixar um app no smartphone e registrar o local onde deixou o carro e não precisar da própria memória para encontrá-lo na volta.
As comodidades não param por aí. Enquanto você faz compras num oásis de luxo (leia-se shoppings de alto luxo), você pode desfrutar o contato com a natureza com paisagismo estrategicamente posicionado na arquitetura. Ainda que esses espaços não estivessem “recheados” de tentações de consumo, valeriam o passeio pela arquitetura, só para ver a expressão do novo luxo, que em nada se parece com os palácios de Versalhes nem na carga de informação, muito menos na proporção de dourados ou rebuscamento.
Mas Paris continua sendo grande referência, não só em espaços arquitetônicos mas em moda, em gastronomia… e nenhuma “invasão do luxo” seria completa se não se pudesse degustar iguarias como se estivesse na Champs-Élysées. A chegada da famosa pâtisserie francesa Ladurée, com seus macarons diretamente importados da França, consolida o luxo no chá da tarde.
Luxo também é poder ir a um cinema 4DS que, além da conhecida tridimensionalidade do 3D, promete experiências com estímulos sensoriais.
Sensação é uma palavra muito importante para construir espaços e marcas de luxo. A famosa experiência de compra assume proporção elevadíssima. Cada detalhe conta, desde o tamanho da vaga onde o cliente poderá parar sua Ferrari até a noção de quanto exclusivo é o produto e o quanto ele é valorizado como pessoa e as reverências que o atendente pode fazer.
Lojas de alto luxo entendem bem disso, da necessidade da abordagem ter um padrão de excelência do começo ao fim. Desde a aparência das vendedoras, a maneira como elas se comunicam ou gesticulam, até a maneira como o produto está exposto tem que estar alinhado com a proposta da marca. Tudo o que está em volta do produto afeta a percepção sobre o mesmo – isto é merchandising. Saber alinhar todas essas percepções e estímulos é fazer comunicação estratégica para construir marcas, sejam elas de luxo ou não.
Kátia Bello é arquiteta, especialista em comunicação estratégica de varejo e sócia-diretora da Opus Design. Contato: katia@opusdesign.com.br