Liquidação de inverno pode não ter descontos atrativos

O consumidor deverá perceber a instabilidade do mercado de algodão

No próximo mês, o consumidor deve perceber, na hora das compras de artigos de vestuário em geral, a instabilidade do mercado de algodão. De acordo com a assessora econômica da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Julia Ximenes, o período das liquidações será o que mais mostrará a fase. “Em toda troca de coleção, geralmente, os preços tendem a aumentar, e as roupas da última estação entram em liquidação, mas nesse ano o consumidor pode se deparar com descontos menores que nos últimos anos”, explica.

Segundo a assessora, no Brasil, 60% das roupas produzidas no País são feitas de algodão e, apesar de produzir o item, o algodão brasileiro não consegue atender toda demanda.

Para Julia, as roupas das novas coleções primavera-verão também devem repassar a má fase da produção de algodão para o consumidor, mas em três meses. “Para o segundo semestre é esperado um repasse de 5% a 10% para o consumidor final, mas pode ser que aumente mais do que isso”, completa.

Vilões brasileiros

No Brasil, o grande vilão são as condições climáticas, que fazem com que os produtores percam parte da safra, repassem o prejuízo para seus compradores, até que chegue no bolso do consumidor.

Em 2010, de acordo com Julia, a safra do algodão sofreu com as condições climáticas e com a falta de produção para suprir a demanda. “Para amenizar o problema, o Brasil aumentou em 65% a área plantada do algodão, mas perdeu 15% da produção por conta das condições climáticas”, explica.

Para suprir a demanda interna, em 2011, o Brasil deve importar 42% a mais de algodão, que em 2010.

Transmissão de preço

Mesmo o Brasil sendo o terceiro maior produtor de algodão do mundo, o País também precisa importar para atender toda demanda.

De acordo com Julia, o processo de safra do algodão é parecido com o da cana-de-açúcar, pois quando o mercado externo oferece mais, o produtor brasileiro dá preferência para os compradores internacionais, com isso, o mercado interno precisa de algodão importado para a produção brasileira.

Segundo a assessora, nesses casos a transmissão dos gastos demora a chegar aos consumidores, “o que significa que em alguns meses o preço das roupas deve aumentar ou exista uma pressão maior para que aumente a porcentagem de fibras sintéticas nos tecidos”, afirma.

Briga externa

Além dos problemas internos, o Brasil pode passar por problemas na hora de importar o algodão, e consequentemente, refletir no mercado de vestuário.

Segundo Julia, o estado do Texas, nos Estados Unidos, é o maior produtor de algodão do país e, nesse momento, enfrenta um período de seca muito forte, e com isso não conseguirá manter o nível de produção. “O mercado vai se tornar ainda mais competitivo, pois os EUA também terão que adquirir algodão de fora, e o Brasil, que já compra de fora, pode encontrar forte concorrência na hora de negociar as plumas de algodão”, explica.

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