As mulheres brasileiras continuam ganhando menos que os homens, e essa diferença salarial não diminuiu no Brasil nos últimos três anos. É o que aponta o estudo Mulher no Mercado de Trabalho: Perguntas e Respostas, divulgado hoje (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
De acordo com o levantamento, as mulheres receberam, em média, 72,3% do salário dos homens no ano passado. Essa proporção, de acordo com o IBGE, mantém-se inalterada desde 2009.
A diferença já foi maior em anos anteriores, chegando a 70,8% em 2003. Para a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy, uma das organizadoras do estudo, os avanços, ocorrem em ritmo lento.“As mudanças acontecem, mas são bem graduais. Esse percentual, de 72%, é o mesmo desde 2009. Já foi pior mais para o início da década, mas ainda assim persiste essa diferença”, enfatizou.
O levantamento demonstrou ainda que a jornada de trabalho das mulheres é inferior à dos homens. No ano passado, as mulheres trabalharam, em média, 39,2 horas semanais, contra 43,4 horas dos homens, uma diferença de 4,2 horas. Mas, de acordo com o estudo, 4,8% das mulheres ocupadas em 2011 gostariam de aumentar a carga horária semanal.
Os dados trabalhados pelo instituto são da base da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e abrangem seis regiões metropolitanas: Rio, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador. Outro dado revelado pelo estudo é a preponderância das mulheres no serviço público, nos três níveis administrativos. Do total de mulheres ocupadas, 22,6% estavam no setor público, enquanto entre os homens, esse percentual era 10,5%. No setor público, 55,3% são mulheres e 44,7%, homens.
Para a pesquisadora do IBGE, entre as explicações para essa vantagem feminina no serviço público estão o grande número de mulheres ligadas à área de educação e também um ingresso mais forte de trabalhadoras nos últimos anos via concurso público.
“O que se percebe em 2011 é a continuidade, ainda que moderada, de ganhos entre as mulheres. Mesmo que haja algumas diferenças, a tendência que observamos, desde 2003, é que elas sejam reduzidas. É um processo lento, que demora décadas, mas está em curso.”
Já nos serviços domésticos, a população feminina ocupada está diminuindo. Passou de 7,6% em 2003 para 6,9% em 2011. No entanto, a mão de obra das mulheres ainda é predominante nesse setor (94,8%), percentual idêntico ao registrado em 2003.
As atividades que mais absorveram mão de obra feminina em relação a 2003 foram o comércio, em que a participação das mulheres cresceu de 38,2% para 42,6%, e os serviços prestados às empresas, com aumento de 37,3% para 42,0%.
O estudo apontou também um aumento da participação feminina no mercado formal, em comparação a 2003, quando a proporção de homens com carteira assinada no setor privado era 62,3%, enquanto a das mulheres era 37,7%, uma diferença de 24,7 pontos porcentuais.
No ano passado, o mercado formal comportou 59,6% de homens e 40,4% de mulheres, uma redução de 19,1 pontos porcentuais em comparação a 2003.
O estudo apontou, no entanto, que o maior crescimento da participação feminina foi observado no emprego sem carteira assinada no setor privado. Em 2003, as mulheres participavam com 36,5%. Em 2011, essa participação subiu para 40,5%.
No ano passado, as mulheres somaram 53,7% da população brasileira com 10 anos ou mais (idade ativa). Elas ainda ficaram em menor número do que os homens na população ocupada (45,4%). Em relação a 2003, houve crescimento de 2,4 pontos percentuais na população ocupada feminina.
O estudo apontou também avanço em relação à questão racial. Entre as mulheres pretas e pardas, a taxa de desocupação caiu de 18,2% em 2003 para 9,1% em 2011. Entre as brancas, o indicador teve redução de 13,1% em 2003 para 6,1% no ano passado.