Os consumidores estão com 30% da renda comprometida até o Natal, mostra estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Fractal.
“Os resultados apontam para um consumo movido a crédito e para uma inflação de demanda sustentada pelo estímulo ao endividamento excessivo”, afirmou o diretor presidente do instituto, Celso Grisi.
O especialista critica o fato de dados apontarem que o endividamento das famílias brasileiras é um dos menores do mundo. Segundo ele, o Ministério da Fazenda compara o grau de endividamento do Brasil ao dos países desenvolvidos e conclui que a proporção do endividamento das famílias em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) é baixa.
Segundo o levantamento, 11% dos endividados declararam que não será possível pagar suas dívidas. “As famílias consumiram muito. Entretanto, os números apontam para sua fragilidade financeira”, ressalta Grisi.
Para Grisi, a elevação das taxas de juros pode agravar ainda mais o quadro de comprometimento da renda das famílias e tornar a inadimplência um fenômeno expressivo no quadro creditício no primeiro semestre do próximo ano.
Alimentos
A pesquisa mostra que os gastos com alimentação foram os mais significativos, considerando a população entrevistada na cidade de São Paulo. Dos pesquisados, 26% concentram os ganhos com produtos desse grupo.
Considerando a baixa renda, 32,5% concentram os gastos com alimentos. “Esse comportamento explica o uso intensivo de cartões de crédito nos supermercados, em todas as classes”, afirma Grisi.
Para ele, contudo, com a alta dos preços e dos juros, será preciso equilibrar o orçamento familiar e, para isso, as despesas devem ser reduzidas.
Endividamento
Estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgado na segunda (6), mostra que, em novembro, 52,4% das famílias brasileiras estavam endividadas.
A pesquisa revela que as mulheres estão mais endividadas que os homens: 53,62% têm dívidas. Dessas, 10,37% estão muito endividadas, 17,86% mais ou menos endividadas e 25,39%, pouco endividadas.
Já entre os homens, 49,43% estão endividados, sendo que 7,39% estão muito endividados, 16,2%, mais ou menos endividados e 25,82% estão pouco endividados.