Setor atacadista cresce 12% com bom desempenho do atacarejo

O Ranking ABAD/Nielsen 2016 (ano base 2015), pesquisa realizada anualmente pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD) e que oferece ao mercado o mais abrangente panorama do segmento atacadista distribuidor nacional, aponta crescimento do setor atacadista e distribuidor de 3,1% em termos nominais em 2015 (em termos reais, houve queda de -6,8%). Com isso o faturamento anual atingiu R$ 218,4 bilhões. O modelo atacado de autosserviço, também conhecido por atacarejo, impulsionou esse crescimento, com alta nominal de 12% entre 2014 e 2015 e abertura de quase 50 novas lojas no país.

Apesar do crescimento expressivo, o número de Atacados de Autosserviço (em torno de 500) é reduzido em relação ao setor como um todo, estimado em mais de 5.000 empresas de diversos portes (3.000 delas são associadas à ABAD).

Este modelo de negócio ainda está crescendo, mas é preciso lembrar que mesmo no Atacado de Autosserviço o consumidor segue racionalizando as compras, escolhendo marcas mais em conta e substituindo ou mesmo cortando itens, dando preferência aos produtos mais básicos. Do ponto de vista do cliente varejista, o grande atrativo é também o preço, já que esse modelo não costuma investir em serviços.

Cenário Econômico

Questões como inflação, desemprego e insegurança quanto ao cenário político-econômico vêm provocando sensível retração do consumidor, que resultou em 4% de queda no consumo das famílias no ano passado, com 6% de queda na renda média real e expressivo aumento da inadimplência, segundo dados do IBGE e da Nielsen.

Dessa forma, as empresas precisaram aprender a lidar com um consumidor muito mais seletivo e preocupado em buscar preço mais baixo, ofertas e embalagens econômicas e marcas alternativas. Tudo isso teve impacto no segmento atacadista distribuidor, já que voltaram as grandes compras mensais de abastecimento, em detrimento das várias pequenas compras semanais de reposição feitas no varejo de vizinhança, principal cliente dos agentes de distribuição.

Dentre os varejos atendidos pelo setor, os supermercados médios foram os que apresentaram melhor desempenho. Já os pequenos varejos de vizinhança, embora continuem a cumprir um papel importante nas compras de reposição ou de conveniência, apresentaram crescimento reduzido ou queda, justificando retração de 1,1 ponto percentual na participação do setor dentro do mercado mercearil nacional.

Dessa forma, o foco dos agentes de distribuição passa a ser o ganho de produtividade por meio de ações voltadas para dentro da empresa, para aspectos de gestão e treinamento/capacitação dos colaboradores. Além disso, é hora de rever a sua relação com o varejista, oferecendo serviços diferenciados, e com a indústria, de modo a extrair ganhos a partir de um melhor relacionamento, planejamento mais cuidadoso, melhores estratégias de vendas e inovações voltadas ao cliente final.

Para o presidente da ABAD, José do Egito Frota Lopes Filho, apesar da situação momentaneamente difícil, esse movimento de ajuste é positivo: “A necessidade impele o empresário a pôr a casa em ordem e prepara o negócio para um novo salto de crescimento sustentado, assim que a economia mostrar alguma recuperação. A dificuldade, enfrentada com criatividade, no futuro irá beneficiar o setor”.

Canal direto

De acordo com os resultados do ranking, o setor agora possui uma fatia de 50,6% do mercado mercearil nacional. É o 11º ano em que essa participação de mercado supera os 50%, atestando a importância da atuação do chamado Canal Indireto da indústria, que atende a todos os estabelecimentos varejistas que não têm volume de pedidos para adquirir produtos diretamente do fabricante.

O mercado mercearil compreende produtos de uso comum das famílias, como alimentos, bebidas, limpeza, higiene e cuidados pessoais, entre outros. Os números do Ranking são apurados a partir de dados fornecidos voluntariamente por empresas do setor associadas à ABAD e analisados pela consultoria Nielsen, em parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração).

O Ranking ABAD/Nielsen 2016 contou com a participação de 544 atacadistas e distribuidores de todo o Brasil. Essas empresas representam aproximadamente 42% do mercado atacadista distribuidor brasileiro, em faturamento.

Facebook
Twitter
LinkedIn