A consultoria A.T. Kearney entrevistou três mil pessoas, em 23 países, para entender o que as pessoas acima de 60 anos esperam das empresas de varejo e dos fabricantes de bens de consumo. Entre as constatações, o estudo identificou que as necessidades específicas desse grupo de consumidores não estão sendo plenamente atendidas.
Bom exemplo é um comportamento identificado como típico dos consumidores com mais de 80 anos, que costuma ser ignorado pelas empresas. “As pessoas com mais de 80 anos são muito mais leais a marcas estabelecidas e menos dispostas a gastar dinheiro em produtos que oferecem benefícios saudáveis ou são considerados ‘verdes’”, comenta Martin Walker, diretor sênior do Conselho de Políticas de Negócios da A.T. Kearney. “Após os 80 anos, os entrevistados são nitidamente mais ansiosos em terem produtos específicos para suas idades e disporem de ambientes de compras sob medida para eles. É quase como se os 80 fosse o novo ponto de autodefinição para se tornar velho”, completa, ressaltando que o comportamento muda a ideia de que a velhice começa na aposentadoria.
Há 13 anos, o número de pessoas com mais de 60 anos superou o de pessoas com menos de 15 anos nos sete países mais desenvolvidos do mundo. Esses consumidores maduros gastaram 8 trilhões de dólares no ano passado e deverão responder por gastos de 15 trilhões de dólares por ano até o final desta década.
Segundo análise da consultoria A.T. Kearney, essas mudanças demográficas e de cultura devem ser consideradas por varejistas e fabricantes. No caso do varejo, o envelhecimento pode significar mudança no paradigma da concepção de lojas e redes, acredita Esteban Bowles, vice-presidente da A.T. Kearney no Brasil. “Os consumidores maduros querem atenção pessoal de operadoras de caixa, que sejam falantes e amigáveis. Não exigem velocidade. Eles querem lojas menores, que fiquem perto de casa e tenham uma variedade clara e organizada de produtos de alta qualidade e bons preços, não uma escolha ilimitada de produtos baratos de qualidade média ou promoções baseadas em quantidade de produtos. E o crescente número dos conectados à internet deseja poder obter informações e comprar online", garante.