As vendas no comércio varejista tiveram a maior alta semestral da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em seis meses, as vendas cresceram 10,6% ante igual período do ano passado. Em 12 meses, a alta é de 10,1%.
Tomando por base o mês de junho, a alta foi de 1,3% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal (levando-se em conta as características específicas de cada época do ano). O resultado veio em linha com o piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções (1,35% a 2,8%) e abaixo da mediana de 1,80%. Na comparação com junho do ano passado, as vendas aumentaram 8,2%.
Na avaliação do técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Reinaldo Pereira, o ótimo desempenho do varejo no primeiro semestre de 2008 respondeu ao "bom momento da economia brasileira". Ele citou, como "variáveis macroeconômicas" que têm estimulado o setor, o aumento da renda média dos trabalhadores, a estabilidade no emprego e, sobretudo, a oferta de crédito.
Entre as atividades pesquisadas, os maiores aumentos no primeiro semestre foram apurados em equipamentos para escritório, informática e comunicação (30,9%); veículos e motos, partes e peças (22,3%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (21,5%) e móveis e eletrodomésticos (18,5%).
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Inflação e juros
De acordo com Pereira, o aumento da taxa de juros "ainda não foi sentido" no comércio varejista, enquanto que a inflação já teve efeito significativo sobre os resultados de junho do setor.
Segundo ele, a influência da alta inflacionária sobre os resultados é vista claramente no desempenho do grupo de hiper e supermercados e produtos alimentícios, cuja variação ante igual mês de 2007 passou de 8,4% em maio para 1,5% em junho.
Como esse grupo é o de maior peso na pesquisa, foi ele o principal responsável pelo recuo no ritmo de alta das vendas totais do setor, de 11,1% em maio para 8,2% em junho. Para Pereira, está claro também que a inflação dos alimentos é o principal fator responsável pelo fraco desempenho dos hiper e supermercados no mês.
Apesar dessa influência, Pereira não acredita que haja uma trajetória de desaceleração nas vendas do comércio. "Está havendo uma influência da inflação de alimentos que parece que já está sendo revertida pelos índices de preços".