Embora o fim do IPI reduzido tenha refletido negativamente na procura por eletrodomésticos da linha branca neste ano, na comparação com 2009, o Brasil ainda está no que o gerente de negócios para linha branca da GfK, Oliver Römerscheidt, chama de “topo da montanha”.
Segundo ele, quando ocorreu a crise financeira internacional, todos os países sofreram forte redução nas vendas de tais eletros e muitos deles tentam sair desse “vale” até agora. “O Brasil, em 2010, dificilmente vai alcançar o mesmo nível de vendas do ano passado. Mas ficamos em um patamar superior em relação aos outros países”, declarou Römerscheidt.
O executivo destaca o forte índice de confiança do consumidor brasileiro, tanto em relação à sua própria situação financeira quanto ao desemprego, renda e desempenho da economia como um todo. “O brasileiro está de bom humor e quer consumir. Diferentemente do europeu, que não está com vontade de consumir no momento”, disse.
Gastar mais
Neste ano, segundo o executivo, o setor vai crescer menos em número de unidades vendidas que em faturamento. O gerente de negócios da GfK explica que o fenômeno se dará porque 2010 já vê uma mudança no perfil de consumo do brasileiro.
“Os refrigeradores side-by-side, com duas portas ou os que possuem freezer na parte inferior, ou mesmo os com a tecnologia frost-free estão crescendo neste ano em relação aos anos anteriores”, declarou. “Vemos uma melhoria no mix de produtos, com crescimento em valor. O mesmo acontece com os fogões de seis e cinco bocas e a substituição das lavadoras, antes semiautomáticas (tanquinhos) pelas automáticas”, acrescentou.
No caso específico das lavadoras, segundo o executivo, o Brasil gasta menos que a média brasileira em lavadoras, por exemplo, porque o padrão mais usado mundialmente é a máquinas com secadora integrada ou com porta frontal.
Já no caso dos refrigeradores e fogões, o brasileiro está entre os consumidores dispostos a pagar mais por tais equipamentos. “Esse produto é de substituição em casa. Então, o consumidor vai querer um produto melhor e mais avançado tecnologicamente que o antigo”, completou.
Comparação e projeção
Por conta da desoneração fiscal dada pelo governo aos produtos do setor no ano passado, Römerscheidt considera injusta uma comparação anual no resultado das vendas. Além disso, 2010 reflete o que ele classifica como “efeito jabulani”, pois no período pré-Copa do Mundo muitos brasileiros adquiriram uma TV nova e, endividados para os próximos meses, reduziram o consumo de outros equipamentos para a casa.
“Se considerarmos 2008, as vendas já estão superiores, o que nos deixa otimistas”, salientou.
Para 2011, Römerscheidt afirma que os efeitos de curto prazo, como o IPI e a Copa, deixam de ter influência e a tendência é de recuperação total no setor, com avanço nos segmentos de produtos mais elaborados, que começam a se popularizar. “Há muito espaço para novos participantes, especialmente em um mercado onde o consumidor está disposto a pagar muito dinheiro”.