Conta de luz deve ficar mais cara em 2009 e 2010

A conta de luz deve aumentar nos próximos anos, principalmente por causa das pressões inflacionárias, refletidas nos índices de correção dos contratos do setor. A projeção, que contraria, inclusive, estimativas da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos), é da Tendências Consultoria Econômica.

A projeção da consultoria com relação aos índices é que o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) acumule alta de 12,5% em 2008 e de 6% no próximo. Para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a Tendências espera aumento de 6,7% em 2008 e 5% em 2009.

Revisão tarifária e encargos

Outro fator que pode contribuir para o aumento das tarifas é o reduzido número de distribuidoras que passarão por processo de revisão periódica em 2009 e 2010.

Além da menor quantidade, as empresas que passarão pelo processo são menos representativas. Logo, poucas concessionárias, mesmo que passando por reajustes negativos de tarifa, não devem impactar na redução da média dos reajustes gerais de 2009 e 2010, com relação a 2008.

A maior intensidade e freqüência no despacho de termelétricas é outro item a contribuir para o encarecimento das tarifas, através do repasse dos custos variáveis com combustíveis utilizados nestas usinas.

Os encargos também devem pressionar as tarifas: o aumento de 4,3% da CCC Isol (Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis dos Sistemas Isolados) em 2008 deverá refletir nas tarifas do ano que vem. Além disso, a partir de 2009, a energia mais cara proveniente dos leilões de energia nova começará a ser ofertada ao sistema, encarecendo o conjunto dos insumos adquiridos pelas distribuidoras.

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Pressões externas
A consultoria destaca que a elevação generalizada dos preços do gás natural e dos combustíveis derivados do petróleo no mercado internacional deverá representar mais um fator de pressão sobre os preços da eletricidade.

A desvalorização do dólar, que estava colaborando para atenuar o ajuste das tarifas ao tornar a energia proveniente de Itaipu mais barata, não deve se repetir nos próximos anos, sendo mais um fator a provocar alta das tarifas.

O reajuste médio projetado pela Tendências para 2009 fica entre 8% e 10% no mercado regulado. Para 2010, o esperado é que os aumentos fiquem em torno de 6%.

No sentido contrário
A projeção da Aneel para os próximos anos destoa do previsto pela Tendências, pois a Agência pretende diminuir um dos encargos sobre a conta de luz em R$ 133 milhões por ano. A redução em questão é referente à nova regra de limitação no consumo de combustível do sistema isolado, que deve reduzir o valor da CCC.

De acordo com a Aneel, o total esperado de economia com a CCC deve significar uma redução de 2% na conta de luz. Os novos limites de consumo entrarão em vigor apenas em 2011, mas até lá, será usado um limite intermediário, resultando em uma economia de R$ 47 milhões por ano com a CCC.

O Dieese também estima diminuição das tarifas, causada principalmente pela revisão que acontece até 2010. O processo de revisão tarifária acontece periodicamente para avaliar e corrigir os valores das tarifas praticadas pelas concessionárias.

Um dos motivos apontados pelo Dieese para a redução é o mecanismo brasileiro de incentivo para que as concessionárias reduzam custos.

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