Em busca de igualdade nas organizações

No mundo dos negócios, faz diferença ser homem ou mulher? Os dados de pesquisas indicam que sim, e muita! Não há como negar que as mulheres chegaram para ficar no mercado de trabalho. Elas levam à sério seu trabalho e investem pesado para alavancar a carreira profissional. Dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostram que o nível de escolaridade feminina se mantém superior à masculina, desde a década de 90. Entretanto, tanto esforço e investimento, infelizmente, não se refletem em salários igualitários e chances iguais de crescimento profissional.

Consultorias especializadas em cargos e salários indicam que, no Brasil, as mulheres ainda ganham, em média, entre 15% a 25% menos que os homens. E, com relação à ocupação de cargos de gerência, os números deixam ainda mais a desejar para o universo feminino. Lobos, autor do livro “Amélia, Adeus” (2003) cita que, das 500 maiores empresas do país, as mulheres ocupam apenas 4,1% dos altos cargos. E complementa: “Se nas empresas brasileiras a discriminação contra a mulher não existisse, hoje haveria exatamente 750 delas nas equipes gerenciais das 300 maiores corporações do país. No entanto, são apenas 63” (p. 81-82).

Diversos estudos organizacionais confirmam a existência do fenômeno denominado “Teto de Vidro”, que seria uma espécie de “barreira invisível” que as mulheres enfrentam para ocuparem cargos mais elevados na hierarquia organizacional. Com o passar do tempo, essas barreiras se tornaram mais sutis e difíceis de detectar. E é justamente por parecer que as barreiras desapareceram é que temos a falsa impressão de que as mulheres tenham se igualado aos homens nos altos escalões das empresas.

Como resultado, se faz necessário um maior investimento psíquico por parte das mulheres na luta pelos mesmos cargos, principalmente quando entra em questão a conciliação com o espaço doméstico. Muitas vezes, a família e a maternidade, colocam em xeque a carreira profissional da mulher, pois grande parte dos encargos domésticos ainda permanece sob responsabilidade das mulheres. Sendo assim, a vida profissional concorre com a vida privada da mulher em seu papel de mãe e esposa. E tanto na percepção dos homens como das mulheres existe a expectativa de que a mulher abdique da vida profissional em prol do lar.

O que se percebe é que as mulheres executivas ainda sofrem com as amarras dos papéis sociais tradicionais. E sofrem com a falta de papéis de mulheres executivas de sucesso em que possam se espelhar. Ao adentrarem no mundo dos negócios, as mulheres acabam gerando mudanças profundas no nível dos papéis sociais, o que gera muita angústia não só para as próprias mulheres, mas também para os homens e filhos, que precisam aprender a lidar com essa uma outra imagem de mulher e se adaptarem às novas responsabilidades que surgem em conseqüência disso. É difícil para os homens perderem as mulheres submissas. É difícil para os filhos perderem a mãe cem por cento disponível. Porém, o que se perde de um lado, se ganha de outro. Por outro lado, o s filhos e maridos ganharão mulheres mais felizes, mais completas, mais femininas e mais humanas.

Este texto em homenagem ao Dia Internacional da Mulher tem o objetivo de fazer com que reflitamos a respeito do nosso papel como mulher, nosso impacto sobre a sociedade e sobre a responsabilidade de nos assumirmos como agentes de mudanças e criadoras de uma realidade uma vez que ainda somos as responsáveis pela grande parte da educação de nossos filhos. Pensemos em que valores estamos perpetuando em nosso mundo, e em que mundo gostaríamos que nossos filhos vivessem.

Meiry Kamia é psicóloga, mestre em Administração de Empresas, consultora e palestrante. Diretora da Human Value Consultoria, desenvolve palestras e treinamentos vivenciais utilizando técnicas diferenciadas que contribuem para o auto-conhecimento e mudança de comportamento. www.hvalue.com.br

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