Ritmo de crescimento do crédito deve se acomodar até final do ano

Até o final do ano, o ritmo de crescimento do crédito deve se acomodar, na avaliação do chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes. Ele mantém a projeção de volume de crédito em 40% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, ao final de 2008.

De acordo com os dados do BC, divulgados hoje (25), o volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional chegou a R$ 1,085 trilhão em julho, o que equivale a 37% da soma de bens e serviços produzidos no país, o Produto Interno Bruto (PIB). Esse é o maior percentual da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em julho 1994. Em 12 meses, o crédito cresceu 32%.

Lopes explicou que, para chegar à projeção do BC para o fim do ano, o ritmo de crescimento tem que diminuir e ficar entre 22% e 25% do PIB. Apesar dos aumentos da taxa básica de juros, a Selic, fixados pelo BC para ajudar a conter a inflação, o crédito ainda tem crescido. A Selic é referência para outras taxas de juros. O crédito em alta estimula o consumo, o que pressiona a inflação. Por isso, o BC espera por redução no ritmo de crescimento.

Segundo Lopes, os motivos que levam ao aumento dos empréstimos, apesar das taxas de juros mais altas, é o crescimento da renda e do emprego no país. Além disso, para as pessoas físicas, os prazos de financiamento são maiores de modo a adequar o orçamento familiar às taxas mais altas.

Entretanto, Lopes adverte que o aumento do prazo tem "limite", uma vez que pode se tornar inviável tanto para instituições quanto para quem pega dinheiro emprestado. Em julho, o prazo médio de financiamentos para as famílias subiu de 466 para 467 dias corridos, o maior período da série histórica do BC. Para as empresas, o prazo passou de 303 para 299 dias corridos.

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De acordo com os dados preliminares de agosto, até o dia 13, ainda não se observam mudanças. Ou seja, as taxas continuam em alta, com crescimento do volume de empréstimos. De acordo com Lopes, o volume cresceu 1,8%, sendo que para pessoas físicas esse percentual é de 1,4% e para as jurídicas, de 2,1%. A taxa média de juros (pessoas físicas e jurídicas) subiu de 39,4%, em julho, para 40%, até o dia 13. Para as pessoas físicas, o taxa passou de 51,4% para 51,9% e para as empresas (pessoas jurídicas), de 27,5% para 28,1%.

Segundo Lopes, o motivo para o crescimento das taxas de juros é o aumento dos custos de captação de recursos pelas instituições financeiras e também a alta do spread (diferença entre custo de captação e taxa cobrada do cliente). É do spread que vem boa parte do lucro do banco. "A análise de risco leva a tomar um pouco mais de cuidado no que diz respeito à possibilidade de inadimplência do tomador de crédito e isso faz com que se inclua no spread algo adicional", afirmou Lopes.

Em julho, o spread chegou a 36,6 pontos percentuais para as pessoas físicas e a 14,5 pontos percentuais para as empresas. No ano, a alta é de 4,7% para as famílias e de 2,6% para as empresas.

De acordo com Lopes, no mês de julho, o que estimulou o crescimento do crédito para as famílias foram as operações de leasing, destinadas principalmente à compra de carros. No caso das empresas, a maior busca foi por capital de giro e leasing para compra de carros e equipamentos.

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