Solução simples marca a diversificação de um óptica

Solução simples marca a diversificação da Óptica Alexandre, suavizando a atmosfera clínica e diferenciando a loja das demais empresas do ramo

Há inúmeras soluções para sugerir ao cliente, através da arquitetura do ponto de venda, que o negócio se diversificou, mas não perdeu o foco nos produtos e serviços oferecidos anteriormente. No caso da Óptica Alexandre, de Blumenau (SC), o que chama atenção é a simplicidade da solução encontrada pelos designers de interiores Talita Moser Buschinski e Mack Jean Silva, da Casa de Maria, uma loja blumenauense especializada em móveis fabricados com madeira de demolição.

Com bom aproveitamento do espaço físico e apenas dois elementos em madeira de demolição, Talita e Mack suavizaram a atmosfera clínica e deram ar moderno à nova loja da Rua Nereu Ramos, no Centro da cidade. A antiga filial do Centro funcionava na mesma rua desde 2008 e tinha 30 metros quadrados. Inaugurado em outubro, o novo ponto de venda, antes uma garagem, é um retângulo estreito, com 3,6 metros de largura, e comprido, com 30 metros de extensão. Ou seja, 110 metros quadrados de área total.

A outra loja da ótica, a matriz, fica no Bairro Vila Itoupava e foi aberta em 2001. O dono do negócio, Alexandre Leschinski, conta que trabalhava exclusivamente com óculos de grau montados por receita médica. Em 2011, a ótica passou a vender produtos que se destacam pelo design, como os óculos das marcas Absurda e Vulk. A nova loja do Centro foi planejada para indicar essa diversificação do negócio.

“A ideia é acabar com a sensação que o cliente estava numa clínica médica comprando uma prótese ocular. Os novos produtos se destacam mais pelo design do que pela grife”, diz Alexandre, satisfeito com os resultados já obtidos. “Em dois meses, o faturamento com os óculos de sol já é maior do que com os de grau”, afirma.

Começando pela entrada, a reforma na loja do Centro melhorou o acesso. A escadaria tinha apenas dois degraus altos e desnivelados. “Foram feitos uma rampa para cadeirantes e ciclistas e mais dois degraus para suavizar a escada”, conta Talita. As peças metálicas – corrimão, arco para prender bicicletas e amarrador de cães – foram encomendadas de uma serralheria.

Como a porta de entrada é recuada em relação à rua, não há vitrine. Um nicho em madeira de demolição serve para expor produtos. Com 3,5 metros de comprimento, 80 centímetros de altura e 40 de profundidade, o nicho recebeu iluminação interna fluorescente. Outra luminária foi instalada na parte externa, embaixo da peça, o que proporciona jogo de luz ao mesmo tempo em que ajuda a iluminar o vão de entrada.

O próprio interior da loja funciona como mostruário de produtos graças à parede e porta envidraçadas. O espaço é dividido em três partes: área de espera, atendimento e exposição de produtos; área de laboratório; e área de estoque, que fica nos fundos da loja, atrás de uma parede construída em gesso acartonado. Foi a única parede construída na reforma. O forro, que era de PVC, também recebeu placas de gesso, enquanto o piso ganhou revestimento em placas de porcelanato de 60 centímetros quadrados. Além disso, também foram feitas reformas elétrica e hidráulica no ponto de venda.

A área de espera, atendimento e exposição é a principal parte da loja. Uma ideia simples e bem bolada foi aproveitar as paredes e criar uma ilha de atendimento no meio do corredor. “Com isso, os clientes podem ver os produtos como se fosse um showroom e circular mais à vontade”, conta Talita. Ao criar corredores laterais de 1,20 metro de largura – distância padrão para cadeirantes – a designer atendeu à intenção do dono de tornar a loja exemplo de acessibilidade.

A ilha de atendimento conta com duas mesas e duas cadeiras em MDF branco e, entre elas, um gaveteiro em madeira de demolição. Com 14 gavetas de cada lado, a peça é um dos destaques da decoração. Além de servir como estoque da ilha de atendimento, o móvel tem um tampo de vidro que torna a parte superior mais um espaço expositivo. A parte interna das gavetas é em MDF branco para garantir nitidez e clareza na hora de buscar os óculos desejados.

Assim como as outras peças em madeira de demolição, o móvel é feito basicamente de canela. “A canela tem tom médio, não muito escuro, o que harmoniza bem com as armações de óculos em cores preta e marrom”, afirma Talita. Segundo ela, em conjunto com os arcos, o móvel também oferece à loja o toque moderno que o dono buscava para quebrar a atmosfera clínica de uma ótica de receituário.

“A madeira de demolição é um elemento térmico e visual. Remete à história e é sustentável”, considera Talita. Os três arcos têm basicamente efeito decorativo. Assimétricos e montados em ângulo, eles contrastam com as linhas retas da loja. Dão movimento e tornam o ambiente menos frio. Os dois primeiros foram montados com placas de madeira de 60 centímetros de largura. O último, com placas de 80 centímetros, esconde as caixas de iluminação e hidráulica.

Crédito

Entre os arcos e o teto há uma iluminação fluorescente amarela. “Os arcos são suspensos. Não gosto de nada chapado, grudado. Da maneira que ficou há mais acabamento e podemos trabalhar luz e sombra”, conta Talita, que também recorreu a dois grandes espelhos, na frente e nos fundos da loja, para ampliar a ótica. “Os espelhos vão do chão ao teto, servem para dar profundidade e também para se ver de corpo inteiro. O cliente quer ver como os óculos compõem todo o visual”, comenta a designer de interiores da Casa de Maria.

Nas paredes, cruzando os arcos, existem de um lado prateleiras e de outro um nicho, tudo em MDF branco. As prateleiras têm as mesmas dimensões (4,2 metros de comprimento, 25 centímetros de profundidade e 8 centímetros de espessura), mas estão dispostas de maneira assimétrica. “A assimetria é uma tendência atual e no caso da loja, que é um retângulo longo, funciona bem”, afirma Talita. Na parte inferior, lâmpadas fluorescentes brancas iluminam a prateleira imediatamente abaixo. O nicho em MDF branco, com duas prateleiras de vidro e iluminação interna, serve de mostruário na parede oposta.

Tomando a direção dos fundos da loja, bem ao lado de um espelho que ocupa uma parte inteira da parede, há dois armários em MDF branco que são utilizados como estoque e também como item expositivo. Essa é a área de laboratório, com bancadas e equipamentos óticos. Um detalhe que marca o espaço é o par de cadeiras pretas, enquanto nas ilhas de atendimento elas são brancas. Tanto as pretas quanto as brancas foram compradas na Casa Favorita, em Blumenau.

No início da loja, a poltrona em vermelho é o único item de cor viva. A peça, adquirida na Alvorada Estofados (outra loja de Blumenau), indica a área de espera. Ao lado, uma mesa de centro com luz interna, da Q Iluminação, compõe o ambiente.

Por causa das dimensões singulares, havia a dúvida se o projeto para a loja do Centro poderia ser replicado na matriz e em futuros pontos de venda. “É possível adaptar para outras lojas? Fizemos ensaios em CAD 3D e vimos que, sim, é possível”, conta Talita.

Contente com a simplicidade e efeito obtido, Alexandre Leschinski pretende reformular a matriz em 2012, adaptando-a ao padrão criado pelos designers da Casa de Maria. “É uma loja diferente das outras óticas de Blumenau. Linhas simples, mobiliário central e jogo de ângulos assimétricos deram um resultado bacana para a loja”, afirma Talita.

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