Para sociólogo, decisão sobre refinaria não está madura para ser anunciada

A definição sobre a composição societária e a direção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, é uma “pedra no sapato” nas relações entre Brasil e Venezuela, e a questão não deverá ser resolvida hoje (27) no encontro entre os presidentes dos dois países, em Caracas. A avaliação é do sociólogo Universidade Central de Venezuela Javier Biardeau.

Segundo ele, o governo venezuelano quer fazer um tipo de convênio com o qual o Brasil não está de acordo no que diz respeito a quanto cada sócio terá direito e sobre a direção da empresa. Para Biardeau, a questão ainda não está “madura” suficientemente para que uma decisão seja anunciada nesta sexta-feira.

“É um convênio que tem, como dizem na Venezuela, chumbo na asa. É como um pássaro que tem peso em uma de suas asas, que impede que ele voe à altura e à velocidade que se deseja”, explica.

No ano passado, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez definiram, em encontro na capital venezuelana, que a participação acionária da futura parceria seria de 60% da Petrobras e 40% da petrolífera venezuelana PDVSA, mas desde então nenhuma decisão foi anunciada.

Na avaliação do sociólogo, os outros convênios previstos para serem firmados entre os dois presidentes em Caracas, como o intercâmbio energético, são mais factíveis de serem concretizados, mas continuarão em um nível tradicional de relação comercial entre os países, priorizando a política em detrimento da economia.

Outro ponto previsto na pauta de discussão entre Lula e Chávez é o ingresso da Venezuela no Mercosul. Para Biardeau, a entrada na comunidade não é conveniente para a Venezuela do ponto de vista industrial, pois as medidas que deverão ser estabelecidas vão permitir maiores entradas de produtos de países mais industrializados.

“Mas Chávez prefere uma desvantagem econômica no Mercosul, sendo invadido por importações brasileiras ou argentinas, a uma desvantagem com Estados Unidos ou Colômbia, que eram as principais fontes de importação para a Venezuela. Porque com esses países há um canal de negociação política e há um elemento de negociação mais forte que é o tema energético-petrolífero”, diz o sociólogo.

Ele explica que no âmbito do Mercosul, a Venezuela tem mais poder de negociação em relação ao seu petróleo que frente a outros países como os Estados Unidos e a Colômbia.

Facebook
Twitter
LinkedIn