Pequenas empresas paulistas têm queda no faturamento

As micro e pequenas empresas paulistas apresentaram queda de 1,5% no faturamento entre janeiro e junho de 2008, em comparação ao primeiro semestre do ano passado, já descontada a inflação. O comércio foi o único setor com desempenho positivo no período, com aumento de 1,2% no faturamento. As maiores perdas foram verificadas na indústria, com redução de 6,1%, seguida dos serviços, com queda de 3,2%. A receita total no período foi de R$ 128,5 bilhões.

Entretanto, existe sinalização de reversão deste quadro. No mês de junho, o faturamento real das pequenas indústrias paulistas foi 5,6% maior que no mês de maio, "isso já é um indício de retorno à trajetória de crescimento, possivelmente associado aos primeiros pedidos do fim do ano", analisa Marco Aurélio Bedê, gerente do Observatório das Micro e Pequenas Empresas do Sebrae em São Paulo.

Por conta disso, Ricardo Tortorella, diretor-superintendente do Sebrae em São Paulo, prevê que 2008 "não seja tão bom quanto estávamos projetando, mas ainda assim o segmento das micro e pequenas empresas deve fechar com desempenho igual ao do ano passado (alta de 4% do faturamento real em comparação com 2006) ou com uma pequena alta em termos de vendas. O primeiro semestre foi prejudicado pela inflação, mas no segundo semestre o impacto da alta dos preços será menor para as pequenas empresas", afirma.

Por regiões, no Grande ABC foi verificada a maior retração no primeiro semestre, com índice 4,8% menor que igual período do ano passado. O município de São Paulo (-2,9%) e o interior (-2,4%) também apresentaram queda. A Região Metropolitana foi a que apresentou a menor variação negativa, fechando o semestre com queda de 0,8% no faturamento.

Os dados constam da pesquisa Indicadores Sebrae em São Paulo, realizada mensalmente pela entidade junto a 2,7 mil micro e pequenas empresas da indústria, do comércio e serviços na capital, região metropolitana de São Paulo, Grande ABC e interior.

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Já o rendimento dos empregados das micro e pequenas empresas apresentou variação positiva de 3,5% no semestre contra igual período do ano passado. O setor que apresentou maior taxa de crescimento na remuneração dos empregados foi o comércio, com aumento de 4,4%, seguido pelos serviços, que pagou salários e gratificações 3,5% maiores que igual período do ano passado. O Grande ABC foi a região onde se verificou o maior aumento no rendimento dos empregados, com índice 7,4% maior que o mesmo período do ano passado, seguido pelo interior (+3,6%), pela Região Metropolitana de São Paulo (+2,5%) e pela capital (+2,3%).

De maneira geral, considerando os três setores, na média das micro e pequenas empresas paulistas o gasto com folha de salários apresentou uma queda média de 4,4%, comparado a igual período do ano passado.

De acordo com Marco Aurélio Bedê, coordenador da pesquisa, em média, as empresas estão se tornando mais enxutas em termos de pessoal. Assim, embora o rendimento por empregado esteja aumentando, o gasto total das empresas com folha de salários está apresentando uma redução. “Mais empresas estão sendo abertas, mas em média, as empresas novas são cada vez menores em termos de pessoal. Assim, o número total de empresas e de empregados cresce no setor dos pequenos negócios, e verificamos uma redução do porte médio dessas empresas”, analisa o economista.

A maior queda do gasto médio com folha de salários foi verificada no setor de serviços, com queda de 8,8%, seguido da indústria (-3,8%) e do comércio (-1,7%). Por região, as empresas do Interior foram as que gastaram menos com salários (-6,3%). A seguir, vêm a capital e o Grande ABC, com variação negativa de 4,3% e 4,0% respectivamente.

O índice de pessoal ocupado médio por empresa também apresentou queda no primeiro semestre, registrando uma retração de 4,2% no total geral, incluindo os três setores. A maior queda foi verificada no setor de serviços (-5,3%), seguida pelo comércio (-4,7%) e pela indústria (-1,4). Por regiões, a maior redução ocorreu no Grande ABC (-8,6%), seguido do Interior (-4,5%), do Município de São Paulo (-4,3%) e da Região Metropolitana, com queda de 3,9%.

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Otimismo

Os empresários paulistas das micro e pequenas empresas estão mais otimistas em relação ao próximo semestre. Um total de 45% dos empresários ouvidos em julho pela pesquisa Indicadores Sebrae esperam faturar mais nos próximos seis meses. O índice é dez pontos percentuais acima do detectado em junho, quando 35% dos entrevistados acreditavam ter aumento de faturamento nos próximos seis meses.

O cenário para a economia brasileira no segundo semestre também é positivo para os empresários, já que 43% dos entrevistados em julho esperavam uma melhora da economia brasileira nos próximos seis meses, ante 33% no mês de junho. “A melhora nas expectativas dos empresários pode ser atribuída à movimentação que já se detecta na economia para atender as vendas de final de ano, particularmente no setor da indústria”, explica Bedê.

Conjuntura

Especialistas continuam projetando crescimento da economia brasileira devido à melhora do mercado interno a partir da recuperação da renda do trabalhador e da expansão da oferta de crédito ao consumidor.

Nesse quadro, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 5,8% no primeiro trimestre de 2008 sobre o primeiro trimestre de 2007. Nos próximos meses, de acordo com o Banco Central do Brasil (Bacen), os analistas de mercado prevêem um crescimento num ritmo menor, de mais 4,8%.

Entre os fatores que contribuem para essas projeções de crescimento mais modesto estão o aumento da inflação, que reduz o poder de compra da população, e a estratégia de aumentos nas taxas de juros.

Os analistas de mercado projetam uma inflação de 6,58% para 2008, medida pelo IPCA-IBGE. A meta estipulada para o IPCA em 2008 é de 4,5%, com dois pontos porcentuais de tolerância.

Indicadores

Realizada em parceria com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), a pesquisa Indicadores Sebrae monitora mensalmente o desempenho das micro e pequenas empresas em todo o Estado, medindo as taxas de faturamento, pessoal ocupado, gastos com salários, rendimento médio do trabalhador e expectativas dos empresários.

Apresenta também dados para quatro regiões: capital (cidade de São Paulo), Grande ABC, Região Metropolitana de São Paulo (39 municípios) e Interior. O estudo completo está disponível em www.sebraesp.com.br, clicando em ‘Conhecendo a MPE’, seção ‘Indicadores’.

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