Após diversas medidas no combate à crise terem surtido efeitos pouco representativos, o próximo passo do Tesouro dos Estados Unidos pode ser a compra de fatias de instituições financeiras.
A sinalização foi dada pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, em uma entrevista coletiva na última quarta-feira, quando nomeou as novas prerrogativas do órgão após a aprovação do plano de resgate, de US$ 700 bilhões.
Segundo ele, serão usadas todas as ferramentas que foram disponibilizadas, "inclusive o fortalecimento da capitalização de instituições financeiras de todos os tamanhos".
Como no Reino Unido
Na verdade, o pacote propicia ao Tesouro o poder de injetar capital diretamente nos bancos, fortalecendo seus balanços, dando em troca o direito do órgão de adquirir posições nessas firmas.
A idéia é que o fortalecimento dos balanços, proporcionado à medida que o governo investe diretamente nos bancos, faça com que as instituições retomem a oferta de crédito. Cabe lembrar que uma ação parecida foi anunciada na última sessão pelo BoE (Bank of England).
O governo britânico disponibilizou £ 50 bilhões para a compra de ações preferenciais de bancos como Barclays e RBS (Roysal Bank of Scotland Group), ao mesmo tempo em que providenciará garantias de £ 250 bilhões para ajudar no refinanciamento das dívidas em maturação.
Nenhuma solução rápida
Entre as preocupações do Tesouro em relação à utilização dessa medida seria uma interpretação por parte do mercado de que essas instituições estariam à beira da falência. Já em relação aos acionistas, a ação poderia ser recebida como uma punição.
De qualquer maneira, Paulson se mostrou ciente de que nenhum passo do governo proporcionará uma solução rápida para os problemas, já que a crise financeira já se instalou e ameaça diminuir o ritmo de crescimento global de forma significativa e longa.
Dessa forma, o secretário do Tesouro alerta: "os problemas não terminarão rapidamente. Nem a passagem dessa legislação, nem a implementação dessas iniciativas irão trazer um fim imediato às dificuldades atuais".