Tecnologia e campo podem convergir para a sustentabilidade

* Por Roberta Cipoloni Tiso, diretora de marketing e sustentabilidade da green4T

Há duas grandes tendências que devem determinar a forma como os alimentos serão produzidos no mundo nas próximas décadas. A primeira delas é o crescimento da população mundial, dos atuais 8 bilhões para 10 bilhões de habitantes, por volta de 2050. A segunda são as mudanças climáticas e a urgência por formas mais sustentáveis de produção de alimentos.

O caminho, que é um consenso nos meios empresarial e acadêmico, passa pela tecnologia. Na medida em que o tempo avança e o desafio aumenta, cresce o emprego de soluções inovadoras para desafios familiares aos empresários e executivos do agronegócio. De acordo com estudo mais recente da Precedence Research, que analisa o período de uma década, o mercado mundial de agricultura inteligente (smart agriculture, em inglês), que era de US$ 18,1 bilhões em 2021, vai alcançar o patamar de US$ 21,9 neste ano, e ultrapassar os US$ 43 bilhões em 2030.

Horizontes que o segmento estará de olho
Nos próximos meses, terão destaque os investimentos em algumas frentes específicas. Segundo Jorge Ávila, diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), estão em alta a agricultura inteligente e de precisão, a rastreabilidade, a tokenização e a sustentabilidade. Fora do Brasil, especialistas indicam também a expansão da agricultura de ambiente controlado, em fazendas verticais automatizadas.

Fazendas verticais e o equilíbrio do uso de recursos naturais
Apesar de ainda serem poucas no Brasil, as fazendas verticais, em ambientes fechados, são cada vez mais comuns em todo o mundo. As projeções do The Food Institute são de que o mercado alcance os US$ 21 bilhões em 2029. Nas fazendas verticais, tudo é medido e controlado em busca de qualidade, eficiência e sustentabilidade. Com isso, torna-se possível simular condições ideais para a produção de diferentes culturas vegetais, com economia de recursos. O uso de água, por exemplo, pode ser reduzido em até 95%. O de fertilizantes, em 60%. Há ganhos ambientais também com a redução do transporte dentro de grandes cidades.

Novas tecnologias como uma realidade nacional
No Brasil, onde as terras e as condições climáticas estão entre as mais favoráveis do mundo para o agronegócio, os maiores avanços da digitalização acontecem mesmo é nas fazendas tradicionais, cada vez mais conectadas. De acordo com pesquisa da McKinsey, 71% dos produtores brasileiros já usam canais digitais em suas compras e metade deles adotam, ou pretendem adotar, novas tecnologias agrícolas.

Há uma série de motivos para que isso aconteça. A combinação de tecnologias como Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA), drones, equipamentos autônomos, robôs e comunicação por satélites, que caracteriza a agricultura de precisão, tem permitido o monitoramento, quase em tempo real, de fatores-chave como a saúde das plantas, as variações de temperatura, de nutrientes e da umidade do solo.

Impactos na sustentabilidade e no aumento da eficiência
As informações captadas por câmeras e sensores, por exemplo, facilitam o controle de pragas, o planejamento do plantio e o ajuste do solo de modo mais preciso. Conhecendo a umidade e a fertilidade em cada talhão de solo, e identificando precocemente doenças nas plantas, produtores podem reduzir o uso de água, pesticidas e fertilizantes – algo chave em momentos de crise, como em 2022, quando fertilizantes tiveram a maior variação de preço da história (devido à guerra da Ucrânia) e quantificar os impactos de suas atividades e de ações de sustentabilidade.

Segundo estudo da Market and Markets, o mercado de agricultura de precisão irá crescer a taxas anuais compostas de 8% até 2023, e passar de U$ 8,5 bilhões para US$ 15,6 bilhões. O crescente volume de dados captados por essa rede de câmeras e sensores de IoT empregados na agricultura de precisão, também amplia exponencialmente as possibilidades no campo. Com base neles, será cada vez mais comum a adoção de gêmeos digitais, que significa a representação digital de um ativo real, nas fazendas. Eles servirão de base para a simulação de cenários futuros e o planejamento de ações para corrigir os eventuais problemas antecipados pelo sistema.

Na busca pela sustentabilidade, já impulsionada pelo uso mais racional de recursos, entra ainda a tokenização. A aposta em tecnologias baseadas em blockchain é cada vez mais forte. Por um lado, porque abre a possibilidade de simplificação de negócios futuros, redução de custos de transação e de seguros, além da identificação de melhorias na cadeia logística. De outro, por dar maior transparência à cadeia de produção e permitir ao consumidor saber mais sobre a origem dos produtos.

Por coerência, são todas tendências que devem ser acompanhadas de ações de redução da pegada de carbono também na infraestrutura de TI que dá suporte ao processo de digitalização. Assim como no campo, há hoje tecnologias de ponta que tornam a implementação de novos data centers mais econômica e sustentável do que a atualização de estruturas antigas. No futuro, a produção de alimentos vai demandar tanto de dados quanto de sol e de água. E, em tudo, precisará ser sustentável.

Sobre a green4T
A green4T é uma empresa brasileira, fundada em 2016 e presente em todos os países da América Latina. Tem o compromisso de desenvolver soluções de tecnologia e infraestrutura para a transformação digital de empresas e cidades de forma eficiente e sustentável para o planeta. Desde 2019, a companhia é finalista do Prêmio Executivo de TI do Ano, e também foi finalista do Prêmio Fornecedor do Ano 2019 (Neoenergia).

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