A abelha, o gafanhoto e o empreendedor

Os empreendedores são a face criativa e positiva do capitalismo e devem se posicionar como agentes construtores da realidade que necessitamos criar.

Afinal o que é o sistema capitalista? Uma violência contra a natureza humana que estrutura a dominação de algumas pessoas sobre as outras, destrói os recursos naturais e direciona as atividades da sociedade para atender a ambição de um grupo de privilegiados? Ou seria a melhor forma de liberar o potencial do cérebro humano e da sua capacidade de criação de riqueza e bem-estar para a sociedade?

Ao examinar a história e mesmo o momento atual, vamos encontrar fatos e situações que justificam as duas visões, e conforme o viés ideológico da pessoa ela vai dar ênfase para um ou outro aspecto desta realidade.

No livro “The Locust And the Bee” (o gafanhoto e a abelha), o autor Georg Mulgan traz uma luz interessante ao tema. O gafanhoto representa o capitalismo predatório, que, sem freios, coloca o dinheiro acima de tudo e subordina tudo o mais ao interesse econômico. A abelha representa a face empreendedora do capitalismo, que ativa a criatividade das pessoas e a capacidade de mobilizar recursos para construir valor e criar riqueza.

Aqui trato do viés positivo do sistema, daquele que nós, como empreendedores, estamos ligados. O poder de realização do sistema capitalista deve se colocar a serviço de trazer mais bem-estar para a humanidade e para isso deve ser sempre visto como meio e não como fim em si.

O crescimento é a grande promessa do sistema, e ao mesmo tempo uma necessidade para a sua manutenção — ressignificar crescimento e neutralizar o que está ligado à exaustão dos recursos naturais é uma condição necessária à sobrevivência do sistema e, não há dúvida, da própria continuidade da civilização no longo prazo.

Aqui estão alguns pontos que se apresentam como essenciais para aprimoramento do capitalismo no sentido de perpetuar-se e se colocar a serviço das pessoas.

1- Mobilizar a inteligência e a criatividade coletivas.
2- Tornar o capital um servo, não o mestre, promovendo a norma de que a riqueza é um meio não um fim.
3- Encorajar a mudança para o consumo sustentável e colaborativo, declarando guerra ao desperdício, em todas as suas formas.
4- Tornar a produção mais circular e fazer crescer a economia da preservação.
5- Promover o trabalho como uma finalidade, e não só um meio — afinal ele é parte da vida.

Os empreendedores são a face criativa e positiva do capitalismo, e devem se posicionar como agentes construtores da realidade que necessitamos criar.

Originalmente publicado em Endeavor  

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