São profissionais que veem na maturidade do mercado interno a oportunidade de faturar mais, ao oferecer um serviço diferenciado e, muitas vezes, personalizado.
O aumento do consumo na culinária japonesa fez César Calzavara, 30, largar a clínica veterinária para se tornar um "sommelier de atum".
"O atum é comparado ao vinho porque sua avaliação também considera a coloração, a transparência, a qualidade da carne e a espécie do atum –cada variedade tem um sabor diferente", diz.
O trabalho do "sommelier" é dar nota para todos os peixes recém-pescados que chegam às indústrias. Quanto melhor a qualidade, maior o preço pago por clientes, como importadores e restaurantes de culinária japonesa.
O atum com alto teor de gordura chega a custar o dobro de outro de boa qualidade, porém mais magro.
"Para o armador, a classificação é muito importante. A qualidade define o preço."
Calzavara, que presta serviços para cinco indústrias, recebe R$ 250 por barco classificado, trabalho para um turno. Cada barco tem, em média, 300 peixes –o "sommelier" classifica um por um.
Único profissional do país dedicado exclusivamente à classificação de atum, Calzavara diz que o mercado está começando a se desenvolver.
Apostando na expansão, ele vai ao Japão nos próximos meses, enviado pela Atlântico Tuna, aprender técnica para classificar o atum congelado, tema que será base de sua tese de doutorado.
PARA OS PETS
A sofisticação do consumo também chegou ao mercado pet. Vanessa Requejo, 34, médica-veterinária especializada em homeopatia, segue a linha "comportamentalista" para tratar cães. Atende donos de pets com problemas de comportamento.
O serviço começa com uma espécie de consultoria: Vanessa vai à casa dos clientes observar o ambiente em que vivem os bichos e a sua relação com o proprietário.
A partir do que vê, orienta os donos sobre a sua atitude com os cães e adequação do ambiente aos animais. Em casos mais difíceis, recorre a florais de Bach, homeopatia e Reiki. A hora pela consulta de Vanessa custa R$ 120; a sessão de Reiki, R$ 40.
Também empresária, dona de duas creches para cachorros em São Paulo, Vanessa diz que o atendimento personalizado é cada vez mais valorizado pelo cliente, assim como o preparo do profissional. "A sobrevivência, hoje, está muito ligada à qualificação."
Além das creches, que garantem o transporte dos pets e contam com câmeras para que os donos possam "vigiar" seus cães pela internet, a Cãominhando, empresa de Vanessa, também oferece serviço de "pet sitter" (babá para cachorro, por R$ 60 a hora).
CHÁ
Carla Saueressig, 51, também optou pela exclusividade na prestação de serviços. Ela é uma "tea blender", especialista em chás que desenvolve misturas exclusivas de ervas para restaurantes, companhias aéreas e eventos.
"As pessoas pedem chás exclusivos", diz a profissional formada na Alemanha. Dona da Loja do Chá, que vende 240 tipos da bebida em São Paulo, Carla diz que esse é um nicho em expansão. "O Brasil não tem a cultura de tomar chá, mas é um mercado a desenvolvido. Tenho muitas consultas para abertura de franquias." Ela fatura R$ 1,4 milhão por ano.