A cada dia, mais e mais pessoas fazem esta pergunta, e eu, como a maioria das pessoas, de imediato devolvo com o mesmo questionamento: “E você, o que acha que está acontecendo?”
A partir daí começam a sair as mais mirabolantes e fantasiosas avaliações a respeito do tema: não sei, mas algo muito estranho está acontecendo; eu acho que estamos vivendo um momento preocupante; se continuar desta maneira, não sei aonde iremos chegar; parece que todo mundo está perdido, não sei não; tenho falado com muita gente e a percepção é a mesma; vamos de mal a pior, para todo lado a história é a mesma. Acho que poderia escrever páginas e mais páginas do glossário de lamentações, desculpas e respostas evasivas.
Quando pequeno, ouvia minha avó dizer que sempre houve momentos difíceis e sempre soube que políticos roubavam, sabia também que as ondas econômicas subiam e desciam invariavelmente e que independente destes acontecimentos, teríamos de ter foco em nossos caminhos, em nossas evoluções, que não deveríamos nos paralisar pela enxurrada de respostas prontas. O tempo passou e as palavras de minha avó se eternizaram em minha mente, e quanto mais o tempo passa, mais elas fazem sentido em minha jornada.
O que está acontecendo, tirando, é claro, alguns assuntos novos para nossa era, como a possível falta de água, ocorrência direta do mau uso dos recursos naturais destruídos pelo próprio ser humano? A maioria das coisas já conhecidas e perto dos históricos traumas das pessoas mais experientes está longe de ser o pior dos momentos.
Para as novas gerações, ver uma possível crise se aproximando imagino que gere alguns receios, afinal de contas, vivemos um período inegável de mares calmos com vento de popa soprando a favor e, nestes mares, até o Optimist (tipo de veleiro) consegue pegar velocidade sem muito esforço.
Não estou aqui simplesmente colocando uma visão de uma possível realidade, ou taxando este momento como uma simples marola. O que desejo despertar em nossos interiores é um entendimento realista sobre fatos cotidianos em nossas vidas.
Dias atrás, um amigo me questionou em meio a mais uma roda de lamentações: “Marcelo, o que acha que devo fazer: parar o que venho fazendo?” De pronto respondi: “É claro que toda prudência é sempre bem-vinda, mas como o conheço e sei que sempre foi um profissional equilibrado, vá em frente, siga as suas convicções e enfrente as possíveis tormentas com sabedoria e coragem, o mundo não irá parar, sua vida não irá parar, mesmo porque nestas horas os fracos recuam, e aí mora a grande oportunidade de separar-se do restante. Lembre-se que muitos estão pensando como você e acabam tomando a decisão mais confortável que é a de parar e preservar aquilo que conquistaram, mas para os empreendedores, o melhor investimento será aportado nas suas convicções e no jogo calculado.
Afinal, o que está acontecendo, na maioria das vezes não passa de um tumulto retrógrado, mal justificado e pouquíssimo compreendido, não que não estejamos vivendo um momento de atenção, mas a impetuosidade em dizer alguma coisa a respeito de um tema pouco entendido faz com que muitos soltem palavras ao vento e infelizmente capazes de contaminar outros tantos com a mesma intensidade e desencorajá-los a enfrentar momentos difíceis. Não se contamine, não acredite nas frases prontas, ligue o sinal de alerta contra o ‘vai na valsa’ e continue focado em seu caminho, trabalhando, estudando e lutando como sempre fez em sua vida.