por Raquel Rezende
Paulo Sérgio Carneiro é mais um exemplo de empreendedor brasileiro que teve que ser muito perseverante para conquistar espaço para a sua empresa P3Image, especializada em BPO (Business Process Outsourcing) para gestão de documentos. Depois de abandonar a sociedade com dois amigos para seguir sozinho no ramo, Paulo começou a empresa em 2003, em um sobrado de 300 metros quadrados no bairro de Perdizes, na capital paulista. Passados 10 anos deste início, a P3Image cresce, em média, 50% ao ano com previsão de fechar o faturamento de 2013 próximo aos R$ 20 milhões.
Formado em Ciências Contábeis com ênfase em Análise de Sistemas, Paulo até atuou no mercado de TI, mas a forte atração que ele tinha pela área de vendas o levou a firmar a sociedade em uma empresa de gestão de documentos. “Fazer venda é mais latente em minha carreira. Vendi desde rolamento e carros, passando por utensílios domésticos e até lingerie. Sempre fui focado em encantar o cliente e para isso primo por todas as etapas da venda. E consegui transmitir isso para minha equipe na P3”, conta. Quando ainda estava trabalhando com microinformática, Paulo relembra que muitos colegas de trabalho o incentivavam a vender. “Alguns amigos me diziam que eu falava bem, me expressava bem. E eu também estava cansado de ficar na frente de um computador, então fui vender”, explica.
Assim, em 1995, ele começou como sócio de uma empresa, com participação de 25% na companhia. Atuando na área comercial, Paulo geralmente estava na rua e observava como o mercado se comportava. Apesar disso, não conseguia convencer seus sócios sobre o melhor rumo que ele acreditava que a empresa deveria seguir. “No sétimo ano de sociedade, estava muito infeliz. No fim de um domingo, tive uma crise de choro, queria mudar tudo e não estava me sentindo bem na empresa. Precisava de entusiasmo para seguir trabalhando, pois para vender é preciso acreditar. Então, informei aos outros sócios a minha decisão de sair”, desabafa.
Cerca de um ano depois, Paulo conseguiu deixar a sociedade vendendo a parte dele para outro microempresário e com R$ 218 mil montou a P3Image, em 2003, com o propósito de funcionar como um bureau de digitalização. Paulo recorda que começar de novo e sozinho foi difícil. “No final do primeiro ano, em 2004, eu estava quebrado, mas seguia acreditando que melhoraria”, revela. Porém, depois da primeira venda, Paulo foi ganhando confiança e a empresa foi crescendo. “No fim de 2005, eu não devia mais nada a ninguém e a estrutura da P3Image foi ficando mais profissional”, relata.
Desse período em diante, a P3Image só expandiu. Entre 2006 e 2007, Paulo adquiriu o primeiro galpão para guardar, localizar e digitalizar documentos. O espaço tinha 3 mil metros quadrados e Paulo chegou a pensar que não conseguiria preencher todo o lugar. Hoje, além de ocupar este espaço, a empresa dele consegue ter trabalho para preencher três galpões localizados nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Itupeva (SP), que totalizam 12 mil metros quadrados. “Percebemos que arquivar documentos de forma organizada não era o suficiente. Seria fundamental prover instalações de última geração, que atendesse às mais rigorosas normas de segurança, por isso, seguimos com investimentos neste campo e ofertamos diferenciais como uma sala cofre”, explica.
Seguindo devagar, mas confiante, Paulo comemora os resultados positivos da empresa que vem crescendo a uma taxa de 55% a 56% ao ano. “Quando eu comecei, as grandes multinacionais já estavam no País, já tinha players bem grandes por aqui, mesmo assim tentei achar um lugar para minha empresa”, afirma. Um dos diferenciais pensados por Paulo para atrair clientes foi montar uma operação de guarda de documentos no centro de São Paulo. “Essa foi uma das maneiras para me colocar no mercado”, diz. Além dessa estratégia, Paulo acrescenta que a P3Image buscou se firmar como uma empresa de tecnologia, oferecendo eficientes ferramentas para o cliente acessar as informações que necessita de maneira rápida e ágil.
Atualmente, a empresa tem 300 clientes ativos, atendendo diversos segmentos, entre eles, financeiro, saúde, educação, escritórios de advocacia e clínicas veterinárias. “A P3Image tem diferentes níveis de clientes, desde aqueles que pagam mensalidades de R$ 300 mensais até R$ 250 mil. Não importa se o cliente é pequeno ou grande, procuramos atender a todas as demandas”, declara Paulo.
Outra faceta primordial para a empresa, segundo ele, são os colaboradores. “Penso muito na equipe que são os guerreiros que fazem a empresa crescer”, enfatiza. Ele explica que a P3Image procura valorizar seus funcionários. “Quando temos vaga aberta na empresa, primeiramente realizamos um pro cesso de promoção internamente. Se não encontrarmos o perfil adequado aqui dentro, aí vamos buscar no mercado”, detalha. De acordo com o empresário, a P3Image se preocupa em gerir a carreira das pessoas que trabalham na empresa.
Inovar em tecnologia, fazendo com que as ferramentas oferecidas sejam intuitivas para facilitar o trabalho dos clientes também integra as prioridades da empresa. Paulo afirma que a P3Image busca ser flexível para trabalhar com os pedidos do seu público consumidor e, para alcançar isso, montou uma equipe que disponibiliza um sistema para atender à necessidade específica de cada empresa. “De acordo com a plataforma de tecnologia, em cerca de 15 minutos, o sistema está pronto para o cliente usar e, em fração de segundos, esse cliente consegue visualizar o documento procurado”, destaca.
Para Paulo, as pessoas, o foco na qualidade do atendimento ao cliente e a tecnologia foram os principais fatores que ajudaram a P3Image a ter êxito. O empresário planeja para o futuro investir em tecnologia para oferecer processos de BPO cada vez mais avançados. “Guardar o documento não é o fim da operação. A digitalização de documentos, guarda simples e diferenciada e salas de segurança são evoluções do ramo para atender melhor o cliente”, planeja.
Paulo acredita também que o seu sucesso aconteceu por ele ter o empreendedorismo como uma característica pessoal. Ele acrescenta ainda que se a pessoa que se diz disposta a começar uma empresa própria não tiver vontade, perseverança e paixão, citando seu próprio exemplo, não vai conseguir chegar lá. “Esses fatores, claro, se referem mais ao lado psicológico da situação. Agora, falando do quesito mais prático, o microempresário que começa um negócio deve ter dinheiro suficiente para se sustentar pelos primeiros 12 meses da empresa”, aconselha. Na visão de Paulo, o microempreendedor brasileiro enfrenta muitos obstáculos para entrar e permanecer no mercado. “As linhas de financiamento são dificultosas e os impostos pagos ao governo são altíssimos”, avalia. Entretanto, de acordo com ele, se o aspirante a empreendedor quiser criar uma história própria, independente do nível ou classe social, deve fazer acontecer. “Deve sonhar grande, mas ter os pés no chão e concretizar um passo de cada vez.”