A cada três pessoas, uma não utiliza o sistema financeiro nacional. Esse grupo movimenta aproximadamente R$ 817 bilhões por ano, por fora do sistema bancário. Dados apontam que a maioria dos desbancarizados são mulheres (59%), negros (69%), as pessoas que pertencem às classes C, D e E (86%) e que vivem no Nordeste (39%).
Alguns motivos nos levam a questionar o porquê esses brasileiros optam por ter o dinheiro em espécie. De acordo com o relatório do BC (Banco Central), as possíveis experiências negativas estão ligadas com bancos, no passado, como preços de tarifas e dificuldades de informatização, e por conta disso, preferem controlar suas finanças de uma outra maneira.
Outro motivo está ligado ao sensorial, de ter várias notas de dinheiro em mãos, isso pode trazer sensação de segurança financeira. Além disso, quando tratamos de compras, o dinheiro “vivo” pode atrair um desconto maior, do que o pagamento feito em débito. Para se ter uma ideia disso, cerca de 47 milhões de brasileiros ainda recebem o salário em espécie, segundo dados do Instituto Locomotiva.
Porém, quando o desbancarizado procura por uma linha de crédito nas instituições financeiras, ele encontrará dificuldades em adquirir, pois não há um histórico de relacionamento que contribui para a liberação ser efetuada. Diferente do score, o desbancarizado possui uma nota que avalia a reputação financeira, ao pagar uma conta de luz em seu nome ou pedir a NF (nota fiscal) de qualquer produto, o CPF dessa pessoa passa a ter uma pontuação, que varia de 0 a 1000 – a implantação do cadastro positivo no Brasil foi um grande avanço.
Com o anúncio da nova cédula de R$ 200,00, podemos reafirmar que há mais dinheiro papel em movimento e, em tese, aumenta uma poupança caseira, assim fica mais fácil acumular papel moeda no colchão.
O grupo dos desbancarizados gera novas oportunidades de mercado, como finthechs – que possuem um menor custo e facilidade na operação, que estão 100% digitais, cooperativas de consumo e compras coletivas. Além disso, podemos citar o PIX, o sistema brasileiro de pagamentos instantâneos que deve substituir o TED e o DOC.
Alexandre Damasio Coelho é presidente da CDL São Caetano do Sul e advogado.