Uma única acionista: a terra

yvon-chouinard Patagônia

 

Na juventude, mais da metade de cada ano vagou sem destino pela América do Norte. Com apenas meio dólar no bolso, junto de amigos,escalava picos de montanhas.

Em nenhum ponto era impossível chegar. Yvon Chouinad acaba de alcançar o ponto mais alto da sua vida.
Aos 83 anos, anuncia a doação da sua empresa – a Patagônia – uma das mais inovadoras e sustentáveis marcas do mundo de roupas e acessórios, preste a completar 50 anos de atividades e com faturamento anual de U$ 1,5 bilhão.

A Patagônia vai passar para as mãos de duas entidades: um fundo especial e para a ONG Holdfast Collective, ambas dedicadas a combater as mudanças climáticas e proteger o Planeta Terra.
Com uma fortuna avaliada em U$ 1,2 bilhão, bem sucedido e incomum no mundo dos negócios, Yvon Chouinard sempre disse que nunca pensou em ser empresário e muito menos acumular uma fortuna. “Tenho horror de ser visto como bilionário”, confessa.
De forma despretensiosa começou empreender em 1957 ao fabricar e vender pítons de aço, os prendedores para fixar nas montanhas onde os alpinistas passam cordas de proteção. Ele vendia esses pítons na parte de trás do seu próprio carro.
Numa viagem para a Escócia, em 1970, comprou uma camisa de rugby (esporte coletivo de intenso contato físico) que usava enquanto praticava montanhismo.

O tecido, resistente, atraiu e chamou a atenção de outros alpinistas. Ele começou a importar algumas dessas camisas e vendia tudo.
Aos poucos buscou também oferecer luvas, chapéus e shorts.
Como os pedidos e as vendas cresciam, decidiu em 1973 fundar a empresa que deu o nome de Patagônia. Hoje a marca está avaliada em U$ 3 bilhões.
Desde o início desse ano estava decidido a dar um novo rumo para a sua vida e para a sua empresa. Pensou de início em abrir o capital ou simplesmente vender a Patagônia. Mas considerou toda a trajetória da empresa, marcada pela proteção ambiental e pela prática de esportes ao ar livre. Considerou também que ajudou a fundar uma associação de grandes empresas que a cada ano destinam 1% do faturamento para a proteção do meio ambiente.
Assim, decidiu doar a sua empresa que manterá toda direção, os funcionários e a gestão atual. Através do fundo e da ONG a previsão é que a Patagônia destine a cada ano um mínimo de U$ 100 milhões de dólares para a proteção do meio ambiente.
Yvon Chouinard daqui para frente vai reger sua vida pelo coração e terá apenas uma acionista: a terra.

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