Especialista em varejo fala sobre as motivações de compra do consumidor

Por Kátia Bello

Em tempos de acirrada disputa para concretizar vendas, além de outros índices de share, tais como market share e share of mind, o termo wallet share, ou share of wallet, ganha importância para entender a eficiência de uma marca na divisão do dinheiro da “carteira” do consumidor.

Este indicativo “mede” a porcentagem que uma determinada marca conseguiu participar na divisão do orçamento destinado àquela categoria em questão. Exemplificando: se uma consumidora gastou R$ 100 este mês na compra de roupas, sendo que ela gastou R$ 70 na loja A e R$ 30 na loja B, significa que a marca A teve 70% de wallet share e a marca B ficou com 30% da divisão do orçamento que a consumidora em questão destinou às roupas.

É muito importante entender as motivações do consumidor para desenvolver uma estratégia de aumento de participação de share na categoria. No exemplo anterior, a loja A pode ser de moda feminina e a B pode ser um hipermercado que vende roupas. A escolha de cada perfil de consumidor será muito particular – o atributo decisivo pode ser preço, conveniência, qualidade ou vários outros fatores que interfiram na decisão de compra. Enfim, variáveis não faltam para determinar a venda; contudo, ter alto índice na divisão interna da categoria é muito importante, mesmo porque a disputa pelo dinheiro entre categorias não para de crescer.

Basta assistir um pouco à TV ou acessar a internet para ver as ofertas “imperdíveis” de máquinas de lavar, carros, roupas ou ofertas “arrasadoras” da quarta-feira do hortifrúti, em alguns supermercados, para entender como os veículos de comunicação se esforçam para convencer o consumidor a gastar o seu dinheiro com eletrodoméstico, ou com a nova coleção assinada pelo estilista que antes vestia a classe A e agora também desenha coleções para as araras do magazine da classe C.

O consumidor tem o poder de decidir onde gastará o seu dinheiro, e à medida que há um aumento de renda nas camadas menos favorecidas da população, sobra uma parcela maior do orçamento mensal depois de garantida a sobrevivência com os itens básicos (alimentação, moradia e transporte).

Com dinheiro extra na carteira, o consumidor vai decidir se poupará ou se gastará numa viagem de lazer, numa roupa nova, num lindo eletrodoméstico para a cozinha ou quem sabe numa reforma da casa ou até numa nova casa, dependendo da renda que poderá ser despendida.

A elasticidade do bolso do consumidor também tem aumentado: R$ 199 num único mês pode não caber no orçamento, nas R$ 19 durante dez meses pode ser possível. O que algumas famílias já perceberam é que elasticidade tem limite e, por isso, começam a ponderar melhor suas escolhas.

Na batalha pela preferência do consumidor, pensando em aumentar o wallet share, as marcas podem analisar os gatilhos de compra da categoria, o grau de atratividade que a loja oferece para compra desses produtos, a satisfação dos clientes, como é possível aumentar a quantidade de itens comprados, como melhorar a conversão de clientes, bem como a frequência de compra. Enfim, estratégias não faltam. Escolha a sua!

Kátia Bello é arquiteta, especialista em comunicação estratégica de varejo e sócia-diretora da Opus Design.katia@opusdesign.com.br

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