Jornalista é curioso por natureza, não tem medo de conversar nem de perguntar, muito menos de somar e distribuir conhecimentos. Foram justamente estas capacidades que impulsionaram a largada da startup Contentools, fundada em 2012 pela jornalista Emília Chagas em Florianópolis (SC). A empresa, que oferece um diferenciado serviço de marketing de conteúdo para empresas, já é formada por cinco sócios e passa pelo quarto processo de aceleração. “Os empreendedores também são assim. Se não tivermos vergonha de perguntar e apostarmos na vontade de aprender, com dedicação, deixando a ambição e arrogância de lado, construímos relações mais fortes de parcerias. Um olhar de fora, de alguém que tem conhecimento, é fundamental para as startups. Buscar mentorias é essencial”, avalia.
A busca por conhecimentos a cerca do mundo empresarial motivou o encontro com os primeiros apoiadores. “Eu não sabia nada de como funciona uma empresa. Tinha uma ideia. Criei um projeto e apresentei à equipe da incubadora Whapp que, na época, selecionava a primeira turma de acelerados. Eles curtiram a proposta. Com muita mentoria e técnicas de gestão, validamos hipóteses, definimos perfil de clientes, de redatores, modelos de receita. Eu comecei megalomaníaca, achando que ia oferecer conteúdo, tradução e revisão. Em um encontro de startups em São Francisco, a demanda por empresas de produção de conteúdo para comunicação e marketing se apresentou muito forte, é um mercado que tem muito a crescer. Uma pesquisa mostrava que 65% das empresas iriam aumentar os investimentos nas áreas em 2012, e os leitores têm muito a ganhar com informações de mais qualidade geradas também pelas empresas”, relata.
A empresária conta que seu ingresso no mercado aconteceu depois de validar o produto com clientes. “É ele quem valida sua oferta. Em 2012, fomos formatando a gestão e gerando as primeiras receitas. Nossas primeiras respostas foram muito produtivas e rápidas. Não coloquei a empresa no mercado só com minhas ideias, elas foram construídas com parcerias, clientes e experiência.” As primeiras contratações de Emília aconteceram em junho de 2013, e o sistema da Contentools foi ao ar em novembro de 2013, já com 30 clientes e 300 redatores. Hoje são mais de 300 empresas atendidas e mais de 1.200 redatores envolvidos.
Para Emília, as empresas são pessoas formadas por profissionais com muito conhecimento a ser partilhado da melhor forma possível. “Primeiro reunimos o máximo de informações da empresa, como estrutura, metas, público, quem quer atingir, qual o objetivo, e montamos a nossa estratégia de comunicação. Depois, vem o papel do jornalista, de traduzir informações técnicas em um conteúdo atrativo e educativo, que fomente boas relações e resultados, com respeito pelo leitor natural da profissão.”
No portfólio, produtos diferenciados como e-books, roteiros para vídeo, conteúdo para blogs corporativos e redes sociais. Através da plataforma on-line, organiza a demanda, produção, aprovação, divulgação e retorno. Tanto as empresas quanto os redatores saem beneficiados. Para assegurar a eficácia do texto, Emília distribui as pautas conforme a experiência do jornalista em determinada área de conhecimento, que, dependendo da avaliação dos clientes, vai conquistando produções maiores. “Trabalhamos com freelancers que escrevem de diversas regiões do mundo, inclusive durante longas viagens.”
Se os primeiros passos da Contentools começaram com uma equipe de mentores e parceiros, este parece ser o caminho da empresa. Elton Miranda, criador da Whapp e Vilaj Cowoking e um dos primeiros mentores de Emília, juntou-se a ela como fundador. Pedro Clivati, da área administrativa e vendas, um dos primeiros contratados, também foi convidado a ingressar na sociedade, assim como William Grah Chequetto e Darlan Alves. “E quero mais. Já tenho convites engatilhados para 2015. Acho lindo um time eficiente e engajado. Espero contratar pessoas melhores do que eu, e quem está no meu time, conforme o empenho, entra na sociedade. Claro que ser sócio de uma startup é muito legal, mas também é arriscado, e exigente. Além do mais, pessoas de fora acrescentam. Se eu seguisse apenas minha visão, a empresa não seria o que é hoje.”
As visões de Emília se reforçaram em diálogos. Da experiência como jornalista em uma empresa, fazendo trabalhos extras e indicando colegas para frilas, delineava, junto com a Whapp, a Text.do, durante madrugadas de trabalho e finais de semana, até dedicar-se integralmente à nova fase. No início de 2013, Emília já participava do programa Startup SC, do Sebrae SC, com a vivência no Vale do Silício, onde a empresa se definiu como Contentools – content (conteúdo), mais tools (ferramenta). Em 2014, foi o tempo de integrar o Start-Up Brasil e passar mais uma temporada nos Estados Unidos. Em 2015, ela segue em aprendizados, desta vez com o programa Promessas, da Endeavor, numa turma com distribuição geográfica nacional, e mais direcionada a empresas em processos de internacionalização – agora a meta é atender empresas estrangeiras também. No primeiro encontro, o tema era produto. Presentes, empreendedores de startups e trocas de experiências com diretores de tecnologia da LocaWeb, Buscapé e ContaAzul. “Neste dia, ficamos sabendo que poderíamos aplicar um sistema de gerenciamento das tarefas de equipe imediatamente, com a orientação da LocaWeb”, lembra.
“Mesmo em São Francisco, quando estávamos cheios de ideias e possibilidades de parcerias, uma boa conversa com um mentor de confiança pode ajudar muito nas escolhas. Você sabe para onde está indo, mas os caminhos são diversos. Validar sua ideia com alguém disposto a partilhar, que já passou por isso, é uma coisa muito legal. Proporciona uma segurança e visão importantes para quem está começando”, diz.
Com tanta experiência em buscar orientações, agora Emília mira no mentor pessoal. “Está entre minhas novas buscas, já tenho algumas pessoas em vista. Gente que tenho afinidade e admiro a trajetória de vida e construção profissional. Tenho percebido esta figura muito importante também para colegas empreendedores.”