Agricultores familiares de diferentes regiões do país estão se transformando em empresários do ramo do turismo e encontram na atividade uma alternativa para aumentar o resultado dos seus negócios. Uma pesquisa inédita realizada pelo Sebrae traçou o perfil das propriedades que desenvolvem ações de turismo rural no Brasil e identificou que os donos de pequenos sítios e fazendas estão aproveitando as atividades cotidianas da agricultura para atrair visitantes e incluir uma nova fonte de renda no negócio.
Com base em dados oficiais do Ministério do Turismo (Cadastur) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (Programa Talentos do Brasil Rural), o Sebrae mapeou 122 propriedades em todas as regiões brasileiras, que oferecem aos visitantes do meio urbano uma vivência no mundo rural que vai desde andar de trator até degustar produtos feitos na fazenda.
O estudo Retrato do Turismo Rural no Brasil com foco nos Pequenos Negócios mostrou que a maioria dos empresários desse segmento é do sexo feminino (54,2%), com idades entre 25 e 59 anos (71,2%), embora também se observe uma presença significativa de pessoas com 60 anos ou mais (25,4%).
Os produtores cultivam hortifrutigranjeiros (74,1%), atuam na pecuária (21%) e em lavouras (13,8%). Um quarto grupo se dedica ao cultivo de uvas e produção de vinhos (13,8%), produção típica do sul do país. Um total de 61% dos empreendimentos de turismo rural oferecem visitas às áreas das propriedades e aos espaços de produção com a integração do visitante às atividades cotidianas: 39% deles possibilitam que o visitante participe da colheita de produtos, 38% incluem a degustação da produção no pacote turístico e 32% fazem passeios em trilhas.
O levantamento também apontou que a renda desse segmento de turismo, em 67,2% dos empreendimentos pesquisados, é complementar ao faturamento da propriedade nas atividades do agronegócio – em apenas 32,8% dos empreendimentos esta é a principal renda da propriedade. Contudo, 79,7% dos entrevistados admitem que a receita do turismo é crescente nos últimos anos.
O estudo também mostrou que o turismo rural no Brasil é uma atividade eminentemente familiar (88,1% dos casos) envolvendo a participação de três ou mais pessoas da família (86,6%). A contratação de empregados é uma prática pouco adotada: 46,4% dos empreendimentos não têm empregados; 23,2% têm entre um e dois empregados e 30,4% têm três ou mais empregados.
A realização do estudo permitiu ao Sebrae conhecer melhor o perfil do empresário do turismo rural brasileiro para auxiliar no planejamento das ações que apoiem a gestão desses pequenos negócios. Desde 2012 o turismo rural é prioridade entre os segmentos da carteira de turismo do Sebrae Nacional e a instituição tem trabalhado para auxiliar os pequenos empresários para aproveitarem o grande potencial desse modelo de empreendimento.
“Estamos investindo R$ 6 milhões em projetos voltados para o segmento. Cerca de mil empreendimentos em todo o Brasil estão participando de cursos, palestras, oficinas, consultorias e ações de promoção comercial que vão ajudar a melhoria da gestão dos empreendimentos, o aumento do faturamento dos negócios e o fortalecimento das lideranças do segmento”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. “O turismo rural é uma alternativa para aumentar a renda dos produtores e também o tempo de permanência dos turistas em determinados destinos”, ressalta Barretto.
Saiba mais sobre os pequenos empreendedores rurais:
– Os empresários estão divididos em três grupos conforme a escolaridade: 27% com Ensino Fundamental (incompleto ou completo); 27,1% com Ensino Médio ou Técnico (incompleto ou completo) e 45,8% com Ensino Superior (incompleto ou completo) ou Pós-graduação.
– A atividade de turismo rural se desenvolve no Brasil há mais de 20 anos. Dos pesquisados, 27,12% atuam no turismo rural há menos de cinco anos; 30,5% de cinco a 10 anos; 20,3% de 11 a 20 anos e 22% há mais de 20 anos.