Apesar do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ter apontado uma redução superior a 25% na criação de empregos formais no país no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, o panorama de emprego no Brasil ainda é melhor do que o observado em muitos outros países. A opinião é de Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Em entrevista à Agência Brasil, Almeida disse que a vantagem é que o Brasil gerou empregos. “Nosso quadro não é tão bom como foi no ano passado, mas não é tão grave quanto em outros países. Estávamos em um quadro muito bom e que agora não está tão bom. Mas são 1 milhão de empregos, não estamos desempregando. Lá fora, tem aumento do desemprego, sobretudo na Europa. Nós ainda estamos distante disso”, avaliou.
Segundo os números do Caged, divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Trabalho, a criação de empregos formais no Brasil apresentou queda de 25,9% no primeiro semestre, o que corresponde a 366 mil vagas a menos abertas no mercado de trabalho. Pouco mais de 1 milhão de empregos com carteira assinada foram gerados este ano.
A redução nas vagas abertas com carteira assinada no Brasil, segundo Almeida, deve-se, principalmente, à crise internacional. “O contexto mundial não está bom e isso se revela, aqui dentro, através do ânimo do empresário e da confiança do consumidor, que ficam mais cautelosos. Em economia, cautela significa, para o consumidor, consumir menos e, para o empresário, investir menos. Com isso, o emprego não cresce tanto. A razão de fundo de nossa menor capacidade nesse primeiro semestre de 2012 é que o contexto internacional se deteriorou e isso afetou a expectativa dos nossos empresários e consumidores”, analisou.
A expectativa de Almeida para o segundo semestre é que haja uma pequena melhora na criação de vagas de empregos formais. “Penso que, nesse segundo semestre, a economia vai crescer um pouco mais. A geração de empregos talvez não melhore muito com relação ao primeiro semestre, mas talvez, por outro lado, não se deteriore. Não vamos perder de vista que geramos 1 milhão de empregos com carteira assinada no primeiro semestre deste ano. Se conseguirmos fazer algo assim no segundo semestre e até um pouco melhor, estaremos em um quadro em que há deterioração do emprego, já não cresce como antes, mas nada espetacularmente ruim como lá fora”.