Por Fernando Nunes, cofundador e CEO da fintech Transfeera
Para onde caminham as transações financeiras? Com o avanço de tecnologias como internet das coisas (IoT), 5G, inteligência artificial (IA) — ChatGPT é um bom exemplo —, a pergunta que fica é como será o dinheiro e de que forma vamos lidar com ele no futuro.
O mercado brasileiro avançou significativamente nos últimos dez anos com as fintechs ocupando as lacunas deixadas pelas instituições tradicionais. Por consequência, assistimos ao aumento da competitividade e do rol de serviços prestados. Muitas dessas fintechs usam o Pix como porta de entrada para o setor financeiro, o que mostra que o Brasil tem um terreno fértil para inovação e está à frente de outros mercados na indústria financeira.
De maneira geral, vemos a digitalização da economia como um todo – e a pandemia acelerou esse processo. O cashless será uma realidade e o dinheiro físico cairá em desuso a médio prazo, provavelmente sendo utilizado em cenários muito específicos.
O mundo caminha para um cenário em que tudo estará conectado, não é atoa que hoje falamos de Open Finance: no futuro, todos os sistemas tendem a ser Open, com serviços que funcionam como peças que podem ser encaixadas formando um grande ecossistema. Com essa conexão, uma operação de pagamentos não será percebida, mesmo ocorrendo no digital porque será “invisível” aos olhos do usuário final. Como tudo está conectado, a transparência será mandatária e a segurança também.
A rastreabilidade do dinheiro será inevitável. O Real Digital deve entrar em fase piloto ainda no primeiro semestre deste ano e marca uma nova era que muda o que conhecemos hoje como dinheiro. Para que isso se torne realidade, será preciso criar uma nova camada na infraestrutura atual existente no sistema de pagamentos.
A CBDC (Central Bank Digital Currency) brasileira vai ampliar a capacidade de programar o uso do dinheiro, por programar entendemos que só será possível liquidar o dinheiro mediante às condições acertadas. E essa programabilidade não tem como objetivo apenas o tempo, mas a função: o dinheiro poderá ser liquidado apenas em uma data específica, para uma pessoa ou instituição determinada, por exemplo.
Em suma, o futuro do dinheiro soma dados compartilhados com consentimento do usuário final, pagamentos instantâneos e inteligentes que devem rodar offline também — assim como o dinheiro físico opera hoje — , gerando competitividade, criando um ecossistema robusto e construindo um rol de possibilidades antes inimagináveis.