Por Gerson Ferreira, sócio da Innoway*
Um estudo realizado pela ACE Cortex, sobre Corporate Venture Building, com o objetivo de mapear a transformação de novos negócios e serviços, revelou que apenas 23,2% das organizações brasileiras contam com líderes que admitem praticar a inovação.
A longevidade de uma organização depende da sua capacidade de transformação. Embora os líderes de ponta saibam disso, a grande dificuldade está em como ser bem-sucedido nos processos de transformação necessários para renovar seu estoque de geração de valor e manter seus produtos e serviços competitivos. Isso existe porque as pessoas não estão no centro dessas metodologias.
A capacidade de transformação e adaptação depende da participação dos colaboradores a partir de um consenso sobre a situação atual e a desejada. Caso contrário, a organização será incapaz de atingir um nível de adaptabilidade necessário para sua evolução.
Cara a cara com o espelho
Entre a intenção e a realização existe um abismo. É mais fácil as lideranças saberem aonde querem chegar com o modelo de negócio, do que terem consciência e reconhecerem a origem das barreiras para poderem minimizá-las, eliminá-las ou transformá-las em oportunidades para inovar.
Para sair do ponto A e chegar ao ponto B, C ou Z, é fundamental ter clareza das verdades por trás dessas barreiras que compõem a realidade atual. Sem ouvir as pessoas e obter um consenso entre líderes e colaboradores, é improvável que a companhia seja bem-sucedida nas transformações que sustentarão os objetivos de crescimento e competitividade no futuro. Aqui entram duas atitudes fundamentais das lideranças:
-
Coragem para compreender o ponto A da organização, ou seja, a realidade como ela é e não como dizemos que é, bem como ter mente aberta para definir as transformações necessárias.
-
Assumir a liderança das transformações. O CEO deve ser o capitão que vai sustentar a direção, mas que também precisará pôr a mão na massa para dar o exemplo e evidenciar a importância do que está acontecendo.
Melhorar a capacidade de inovar é sustentar crescimento
Temos um contexto preocupante para quem reconhece que crescer não é tarefa para amadores e expandir de modo inovador é ainda mais desafiador. O caminho para um futuro promissor está na orientação cultural para inovação e na capacidade de transformar-se com velocidade e assertividade sempre que necessário. Mesmo que isso implique em questionar o status e alterar o equilíbrio das relações de poder.
Portanto, a sobrevivência e prosperidade de uma organização em um mundo em constante evolução exigem uma nova abordagem. É preciso sair da zona de conforto, para embarcar corajosamente na jornada de inovação e transformação. É com um modelo de negócio centrado nas pessoas, no conhecimento coletivo, no comprometimento e na paixão de todos que as inovações acontecem, transformando ideias em ação e conhecimento em valor.
Lembre-se, a inovação não é uma opção, mas uma necessidade. E a transformação não é apenas um objetivo, mas a via pela qual a inovação é possível e a longevidade é alcançada. Ao final do dia, o desafio é claro: ou nos adaptamos e inovamos, ou ficamos para trás. A escolha, como sempre, cabe a cada um.
*Gerson Ferreira é bacharel em Comunicação Social, pós-graduado em Marketing pela ESPM e especialista em Branding e Strategic Management pela The Wharton School. Tem vivência nas áreas de planejamento estratégico de negócio e comunicação, branding e cultura organizacional, possui como foco o estudo do comportamento humano e organizacional. Atualmente é sócio da Innoway, startup que desenvolveu uma plataforma de inteligência de dados para a aceleração da cultura de inovação em organizações.