Por David de Freitas Neto, cofundador da Zeev*
O Brasil terá déficit de 530 mil profissionais de tecnologia até 2025. É o que mostra um estudo do Google for Startups. E esse é um grande desafio, considerando o papel do setor de TI para o futuro das organizações. Além disso, o aumento nas demandas relacionadas à tecnologia, simultâneo a esse déficit persistente de talentos no setor, coloca uma pressão sobre os profissionais de TI.
O estudo do Google é apenas um entre os muitos que apontam o déficit de profissionais de TI disponíveis no mercado. Ainda que conte com salários mais altos que a média nacional e tenha oferta expressiva de capacitação, a demanda cresce com uma velocidade muito maior que o tempo de formação desses profissionais.
A Brascomm – Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais aponta que o Brasil ganha 53 mil novos profissionais em cursos de perfil tecnológico por ano – ante uma demanda de 159 mil. Essa previsão é ainda mais desafiadora do que a da gigante de tecnologia, que espera um déficit de quase 800 mil profissionais até 2025.
Nesse contexto, o low-code é uma opção para evitar um apagão tecnológico. Porém, ainda existe uma grande resistência dos profissionais da área. Será o low-code uma ameaça ou aliada de quem trabalha com Tecnologia da Informação?
Em meio ao cenário apresentado, a tecnologia low-code surge como uma solução estratégica. Ao contrário do que muitos pensam, ela não veio para substituir os profissionais da área, mas ajudá-los a qualificar suas atuações. Por ser uma abordagem de desenvolvimento de software que permite a criação de aplicativos com menos codificação manual, consegue-se economizar tempo de trabalho mesmo quando se trata de equipes iniciantes. Além disso, contribui para aumentar a produtividade e reduzir a complexidade do desenvolvimento de aplicações.
A integração da tecnologia low-code às operações de TI oferece uma série de benefícios tangíveis. Por exemplo, os profissionais podem criar aplicativos até 10 vezes mais rápido, o que reduz os prazos de entrega e acelera a inovação. Além disso, a automação própria da abordagem diminui a incidência de erro humano, o que melhora a qualidade e a confiabilidade das soluções desenvolvidas a partir da abordagem. Assim, a equipe de TI consegue dedicar mais tempo e esforço a atividades estratégicas, como planejamento e análise.
Movimento low-code em ascensão
Empresas brasileiras não apenas podem, como devem olhar com atenção às possibilidades ofertadas pelo low-code. Afinal, o mundo todo começa a se encaminhar nesse sentido. A Gartner, consultoria reconhecida internacionalmente, pontua que o mercado mundial de tecnologia low-code deve movimentar US$26,9 bilhões em 2023, um aumento de 19,6% em relação a 2022.
Com a ascensão no mercado, impulsionado por diversas vantagens que estão acelerando essa tendência, o low-code permite às empresas criar e implementar aplicativos de forma mais rápida e eficaz. Graças ao uso de interfaces visuais e componentes pré-construídos, o processo de desenvolvimento se torna mais ágil. Foi assim que a empresa Weir Minerals reduziu o tempo de seus processos internos que costumavam durar 30 dias para 7 dias, utilizando aplicações em low code para modelar e controlar a gestão de processos.
Além disso, a abordagem low-code torna o desenvolvimento de software acessível a uma variedade mais ampla de profissionais, inclusive aqueles que não possuem habilidades avançadas em programação. Isso significa que equipes não técnicas, como analistas de negócios, podem participar ativamente do processo de desenvolvimento. Foi assim que a Unimed reduziu em 50% o tempo de execução do processo de contratos e compras.
As plataformas low-code também promovem a economia de recursos, uma vez que a necessidade de codificação manual é minimizada. Além disso, a padronização e automação inerentes às ferramentas low-code ajudam a reduzir erros e riscos durante o desenvolvimento. Com a implementação do low code, o Sistema FIEA, por exemplo, gerou uma economia superior a 100 mil reais anuais na automatização de processos.
Com essa crescente tendência do desenvolvimento low-code e seu potencial contínuo de crescimento, as empresas podem aproveitar essas vantagens para impulsionar sua transformação digital e manterem-se competitivas em um mercado em constante evolução. É hora de abraçar essa revolução tecnológica e aproveitar ao máximo seu potencial transformador.
* Com 25 anos de experiência em TI e Processos, David de Freitas Neto é cofundador e Enterprise Sales Executive na Zeev. Ele possui pós-graduação em IA pela I2A2, além de Gestão de Projetos, extensão em Estratégia Negócios pela LaVerne University da Califórnia e é Certificado CBPP. Neto já atuou em projetos de diversos portes, em clientes de diversos segmentos, como Bradesco, Itaú, UBS, Santander, Atento, BMG, Brasilprev, Unimed, Chubb, JHSF, Secretaria da Fazenda, Tokio Marine, entre muitos outros.