Prato típico bem apresentado estimula o turismo

O restaurante Tambaqui de Banda, de Manaus, apostou no marketing para crescer. A começar pelo próprio nome que já diz qual é o principal prato ofertado na casa, a banda de tambaqui, que é simplesmente o peixe mais consumido no Amazonas.

O proprietário do restaurante e gerente de relacionamento, Mário Valle, precisou quebrar vários paradigmas para literalmente vender seu peixe. E o primeiro e principal deles foi diminuir o tempo de preparo do prato, oferecendo ao cliente o peixe pronto em poucos minutos. Para isso, o restaurante mantém os peixes pré-preparados para servir. Somado a isso, o Tambaqui de Banda investiu em um ambiente cuidadosamente decorado e fez questão de ter preços acessíveis. Todo esse cenário começou a atrair os clientes e, a partir disso, o marketing boca a boca continuou o trabalho de conquistar mais público.

O grande destaque que o Tambaqui de Banda alcançou foi durante os jogos da Copa do Mundo, legado que ficou para o restaurante. Com um quiosque instalado dentro do estádio, o restaurante preparou uma oferta especial: fish and chips de tambaqui, inspirado em um prato inglês, justamente para atender aos turistas que estavam no primeiro jogo de Inglaterra e Itália, em Manaus.

O fish and chips de tambaqui, servido em uma embalagem atrativa e prática, foi um sucesso e até se transformou em case internacional. Por causa disso, Mário deu entrevista para vários jornais estrangeiros, entre eles, The Sun, Daily Mail, Reuters, além de periódicos da França, de Portugal, dos Estados Unidos e até a rede All Jazeera.

A FIFA também fez um vídeo mostrando a inovação culinária que está no Youtube (youtu.be/gEzkE2MacyI). Outro fator que Mário atribuiu ao sucesso conquistado pelo Tambaqui de Banda, na época da Copa, foi a aquisição de um casarão antigo ao lado do Teatro Amazonas para fazer uma filial do restaurante. “Sabíamos que o Largo de São Sebastião (onde o restaurante e o Teatro Amazonas estão localizados) seria um local importante na Copa e, na verdade, foi muito maior do que a gente esperava”, afirma. Isso porque o governo do estado montou um telão no local, chegando a reunir 20 mil pessoas por jogo e o restaurante ficava na frente. O resultado, conforme conta Mário, foi um movimento caótico e incontrolável, mas mesmo assim um sucesso.

O proprietário do Tambaqui de Banda relata ainda que quem não teve a sorte de estar em um local turístico durante a Copa amargou prejuízo. Isso foi percebido não só em Manaus, mas também nas outras cidades- sede do evento, pois geralmente os turistas ficavam  concentrados em poucos pontos da cidade.

Em Manaus, Mário conta que os visitantes ficaram em apenas três locais. Quem tinha bares ou restaurantes nessas regiões faturou, porém os estabelecimentos que não estavam nessas zonas tiveram queda no movimento. Alguns chegaram até a fechar em dias de jogos, porque as pessoas costumavam se reunir nas casas dos amigos para assistir aos jogos.

Em outro restaurante que Mário tinha, isso também aconteceu. Já no restaurante Tambaqui de Banda, localizado ao lado do Teatro Amazonas, o movimento foi quatro vezes maior que o normal. “É impossível falar quantos turistas nós atendemos durante o período da Copa, mas posso te garantir que foram alguns milhares”, afirma Mário.

Como o restaurante abriu dois meses antes da Copa, Mário diz que tinha muitos aspectos para melhorar e essa situação se refletiu quando a casa estava com uma demanda muito maior do que a capacidade de venda. Hoje, ele garante que estão muito mais  reparados, não só pela experiência que tiveram na Copa, como também pela maturação natural do negócio.

Alguns meses após o término da copa, Mário colocou um mapa mundi para os clientes sinalizarem com um alfinete indicando de onde vêm e não há mais espaço para clientes da Europa e do Brasil. Isso mostra que os turistas, inclusive o brasileiro, continuam visitando Manaus.

Apesar de Manaus receber muitos visitantes, Mário observa que o maior entrave na região é a falta de infraestrutura de qualidade para atender ao turista. “Os centros históricos da Europa, que são muito turísticos, são bem preservados e seguros, aqui são inseguros e mal iluminados e isso traz uma dificuldade para o empresário que quer investir nestes locais”, opina. Para ele, se fosse possível melhorar os centros históricos, seria um passo enorme para estimular o turismo.

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