Qual o período ideal para diagnosticar a cultura organizacional da empresa?

Por Lívia Brandini, CEO da Kultua*  

Antes de responder esse questionamento precisamos entender o que define cultura organizacional. Podemos afirmar que é a personalidade de uma empresa, seus valores e comportamentos. Ou seja, é o resultado de como as pessoas interagem entre si dentro da organização e como esse ambiente evolui baseado nessas interações.

Ao lidarmos com pessoas, a questão comportamental é parte fundamental para definir o rumo da organização. No entanto, alguns líderes se apegam aos seus vieses de confirmação sobre a cultura estabelecida e não sentem a necessidade de investir nessa iniciativa. A longo prazo, esse comportamento pode ser prejudicial à organização, visto que, com a consolidação do modelo de trabalho híbrido e remoto, a cultura organizacional passou a ter muito mais influência no colaborador.

Os números de uma pesquisa da Gartner apontam que a cultura do ambiente corporativo não exercia nenhuma influência no dia a dia com convívio presencial para 32% dos entrevistados. Isso contra 21% que declararam o mesmo no caso do trabalho remoto. E para 66% das pessoas, a cultura tem impacto positivo quando se trabalha à distância, frente a 52% no modelo tradicional.

Portanto, o diagnóstico da cultura vigente deve ser periódico. Entretanto, existem alguns momentos-chave para mapear e obter dados comparativos para analisar possíveis gaps ou falhas do entendimento da cultura.

Aqui, listo 6 principais cenários em que compreender sua cultura em profundidade irá fazer diferença para balizar suas estratégias empresariais:

1. Ausência de informações de métricas de aderência cultural 

Se você não tem, de forma clara e estruturada, informações sobre desafios e falhas na cultura para priorizar no ano vigente é essencial um diagnóstico de cultura.

2. Na falta de definição ou necessidade de revisão da cultura desejada (cultura meta).  

É muito comum os empresários/c-levels não saberem discernir a real cultura instalada da desejada. Essa confusão pode ter um preço, e alto. O choque das culturas pode impactar no bem-estar dos funcionários, na produtividade, e, provavelmente, chegando ao quiet quiring e quiet firing.

3. Durante a expansão, crescimento acelerado ou M&A 

Em meio às mudanças dentro de uma empresa, ter um diagnóstico de cultura definido e acompanhado é primordial para garantir que a cultura não se perca diante do crescimento.

4. Diante da entrada de uma nova pessoa responsável de RH, Pessoas & Cultura 

Quando há o ingresso de novos colaboradores na empresa, até mesmo no processo de onboarding, é importante que o novo membro da empresa tenha ciência de quais são as percepções e informações referente à empresa, com base na ótica dos colaboradores, para direcionar a atuação da nova pessoa com base em dados.

5. Quando a empresa estiver passando por uma transformação digital  

Com os novos formatos de trabalho e a maior evidência digital nas empresas, a cultura organizacional não pode atrapalhar e/ou suprimir as mudanças digitais. O diagnóstico deve responder à pergunta: “Como fazer com que a cultura apoie a transformação e não seja um obstáculo?”.

6. Diante de problemas de retenção e/ou engajamento de colaboradores 

Para saber as causas e questões que envolvem demissões e rotatividade alta de funcionários, o diagnóstico também é peça fundamental. E aqui está um ponto crítico e de extrema atenção. De acordo com a nova pesquisa da empresa de recrutamento especializado Robert Half, 49% dos trabalhadores no Brasil devem procurar um outro emprego em 2023, enquanto metade dos recrutadores de companhias, também ouvidos, dizem que suas organizações pretendem contratar novos ainda no primeiro trimestre.

*Lívia Brandini é fundadora e CEO da Kultua, primeira peopletech brasileira especializada em Diagnósticos de Cultura personalizados e em profundidade para empresas e consultorias parceiras. Consultora Sênior em Gestão de Mudança, Pessoas & Cultura, Founder Institute Graduate & Mentora, com MBA em Gestão de Negócios pela Universidade de São Paulo (USP).  

Como entusiasta da tecnologia nos processos de transformação empresarial, a empreendedora tem mais de 8 anos de experiência em gerenciamento de projetos e consultoria lean no segmento de serviços industriais diversificados em multinacionais alemãs, como ThyssenKrupp e KAEFER. 

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