Segurança, luta contra o cambismo e paixão nacional: como o setor de eventos pode se preparar para 2024?

Por Jorge Reis, CEO da Eventim*

O ramo da cultura e entretenimento vivenciou, em 2023, a retomada completa de suas atividades, e o resultado é nítido nos relatórios apresentados  pelo IBGE e pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Os dados mostram o tamanho do impacto que este setor representa para a economia do País. Somente no primeiro semestre, o segmento mostra um crescimento de 42,3% se comparado ao ano anterior, gerando uma massa salarial de R$ 71,8 bilhões e com um faturamento anual de aproximadamente R$ 291,1 bilhões, o que representa 3,8% do PIB brasileiro.

Para 2024, nossa expectativa é que o mercado  brasileiro continue com boa demanda, consolidando o país como um importante mercado para shows nacionais e internacionais.

Suponho que as 3 principais tendências para o próximo ano, serão  a segurança, a luta contra o cambismo e o retorno – com tudo – dos shows nacionais.

1 – Priorização da segurança e bem estar dos fãs
A segurança e bem estar do público sempre esteve no centro das discussões para o setor, mas especificamente 2023 foi um ano de muito aprendizado, que mostrou a necessidade de pensar em medidas rápidas para proporcionar uma boa experiência em geral, aliando  bem estar e segurança. Afinal, agora é preciso se adaptar, principalmente no que tange aspectos relacionados à maior influência de eventos climáticos extremos como os que temos vivenciado no Brasil e no mundo nos últimos meses, seja em calor extremo, frio e chuvas. Os produtores e as empresas de vendas de ingressos precisam se precaver contra isso e tem se preparado cada vez mais para não pecar na falta de infraestrutura geral para os consumidores de eventos.

2 – Luta contra o cambismo
Com os grandes espetáculos que ocorreram neste ano, os casos de golpes foram cada vez mais recorrentes, mexendo com o emocional dos fãs de diversos artistas. Para o próximo ano este é um outro ponto de grande atenção. Na Eventim, e também na ABREVIN (Associação Brasileira das Empresas de Venda de Ingressos), o combate à prática do cambismo continua, mas  esse problema demanda também uma atuação contínua de diversos órgãos públicos. São essenciais também as campanhas de conscientização do público para a importância de compra dos ingressos nos sites e bilheterias oficiais, apresentando os riscos das compras de bilhetes em canais não oficiais de venda.

3 – Retorno dos shows nacionais
Mesmo com a vinda de diversos artistas internacionais em 2023, como a banda mexicana RBD, Evanescence, Coldplay, Red Hot Chili Peppers, Paul McCartney e outros grandes artistas, começamos a ver um apelo para a retomada de turnês nacionais. É o caso da turnê dos Titãs, Marisa Monte, os shows da banda Forfun, a turnê do NX Zero, por exemplo. A música nacional retoma o gosto do público e há uma forte tendência de crescimento, sem deixar de considerar as exposições e apresentações teatrais que também vêm conquistando pouco a pouco os consumidores.

A expectativa para 2024 é que continue no mesmo ritmo de 2023, com o Brasil se mantendo como importante player  no mapa dos grandes shows e turnês mundiais.

*Cofundador da Ingresso.com, empresa vendida para o grupo UOL, e com mais de 20 anos de experiência na venda de ingressos, no Brasil, Jorge Reis foi diretor da IMM, empresa referência em entretenimento ao vivo, com eventos como Cirque du Soleil, SPFW, Rio Open e outros; e atualmente é CEO da Eventim, companhia que já trouxe para o Brasil eventos como RBD e Coldplay, ao todo, vende, por ano, cerca de 250 milhões de ingressos.

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