Empreendedorismo ganha espaço nas universidades

Instituições de Ensino Superior se preparam para oferecer educação empreendedora em diversos cursos

O ensino do empreendedorismo nas universidades brasileiras está aumentando. Em parceria com o Sebrae, a partir do próximo semestre instituições de Ensino Superior de 24 das 27 unidades da federação irão oferecer esse tipo de conteúdo a fim de desenvolver competências empreendedoras em quem está se preparando para entrar no mundo do trabalho. Esse é o resultado do edital que o Sebrae abriu para que faculdades de todo o país pudessem encaminhar propostas de ações conjuntas para o ensino do empreendedorismo.

“Queremos estimular o empreendedorismo no ensino formal. O mundo do trabalho exige hoje flexibilidade, capacidade de iniciativa e de adaptação a mudanças. E essas são características trabalhadas e desenvolvidas na educação empreendedora. É preciso preparar nossos alunos para serem bem-sucedidos em suas carreiras”, explica o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.

Foram aprovadas 95 das 122 propostas recebidas de instituições de Ensino Superior pelo Sebrae. Dentre as ações propostas, estão: participação das faculdades no Desafio Universitário Empreendedor – um conjunto de ações para estudantes que oferece, entre outras atividades, cursos e jogos eletrônicos; o Bota pra Fazer, uma metodologia de aplicação de planos de negócios em parceria com o Instituto Endeavor; a disciplina de empreendedorismo desenvolvida pelo Sebrae; além do apoio a publicações de pesquisas e teses e licenciamento de produtos da instituição.

O estado de Minas Gerais foi o que teve o maior número de propostas aprovadas: 21. Juntos, os estados da região Norte aprovaram 16, os da região Sul, 28, do Nordeste, 18, o Centro-Oeste, 5, e o Sudeste, 28. A lista completa das instituições que terão convênio com o Sebrae pode ser consultada nainternet pelo endereço: http://www.parceriaies.sebrae.com.br.

O edital elaborado pelo Sebrae foi feito com base em 14 experiências de parceria de sucesso na área. A Universidade Federal de Itajubá (Unifei-MG) é uma delas. A instituição resolveu adotar o ensino de empreendedorismo em seus cursos desde 2010, oferecendo-o como pano de fundo de disciplinas ligadas à Engenharia, o que antes era exclusivo do curso de Administração de Empresas.

Em 2012, a instituição inaugurou um Centro de Empreendedorismo – espaço de 640 metros quadrados para que os alunos possam criar e desenvolver novos projetos. Em abril deste ano, a universidade lançou o projeto empreendedorismo 360º, uma série de ações como estímulo a pesquisas na área, estudo obrigatório de empreendedorismo e o treinamento de professores para aplicarem cursos oferecidos pelo Sebrae.

“Como engenheiro, tive muita dificuldade para lidar com grandes projetos logo que me formei. Não quero que meus alunos passem pela mesma situação”, diz o diretor de Empreendedorismo da Unifei, Fábio Fowler. “Detalhes como lógica de mercado e funcionamento de leis são tópicos que poderiam ter sido apresentados a mim já na graduação e me ajudado no gerenciamento da empresa que tive. É parte do que tentamos ensinar aqui”, acrescenta.

Segunda chance

Em Salvador (BA), o estudante do primeiro semestre de Jornalismo, Tassiro Leal, de 56 anos, está entusiasmado com a nova disciplina.  Ele, que já foi empresário do setor do turismo há seis anos, mas não prosperou por ineficiência, está vibrando por ter a oportunidade de aprender a não cometer os mesmos erros no futuro. 

“O jornalista deve entender que ele não é só microfone e caneta. Tem que ter também conhecimento do mundo dos negócios. O país mudou. O mundo mudou”, acredita. “Essa aula de empreendedorismo é maravilhosa. Antes, 90% dos alunos não entendiam a razão de ter essa disciplina no curso de Jornalismo. Hoje, 100% dos alunos são a favor”, conta.

A Faculdade Social da Bahia, onde estuda Tassiro, resolveu incluir este ano, após convênio com o Sebrae, a disciplina de empreendedorismo no currículo dos cursos de Administração, Jornalismo e Publicidade e Propaganda. O coordenador do curso de Administração de Empresas, Paulo Cardoso, explica que a metodologia aplicada é inovadora porque é baseada na vivência, ou seja, focada na atitude dos alunos. Paulo afirma que os estudantes respondem questionários, revelando suas características empreendedoras. “A partir daí, traçamos planos de ações que serão trabalhados por eles. A receptividade tem sido excelente”, destaca o professor.

Geovane Serafim do Rego, 28 anos, é estudante do nono semestre de Engenharia Civil na Universidade de Brasília (UnB) e nunca tinha pensado em ter uma empresa até cursar a disciplina optativa Introdução à Atividade Empresarial. Agora, ele sonha em abrir um negócio do ramo da construção civil, assim que se formar. “Preciso me capitalizar primeiro. Mas, descobri que tenho perfil empreendedor. E vou investir nisso, com determinação”, afirma.

O professor da UnB Leonardo Arêas, 39 anos, defende a disciplina do empreendedorismo dentro das salas de aula. Para ele, o tema tem de estar inserido desde a educação infantil. “Na minha opinião,  empreendedorismo, inovação, ciência e tecnologia são mecanismos de desenvolvimento econômico de qualquer nação. Trata-se de iniciar e constituir mudanças na estrutura de seus negócios e da sociedade”, destaca. Hoje, cerca de 500 alunos cursam empreendedorismo na UnB e Arêas estima que haja uma fila de espera de mais 200 interessados em saber mais sobre o tema.

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